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PF descobre esquema familiar que vendia gabaritos de concurso por R$ 500 mil

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Um relatório da Polícia Federal revelou a existência de uma organização criminosa familiar que fraudava provas públicas, como o Concurso Nacional Unificado (CNU), aplicado em agosto do ano passado.

Segundo as investigações, o grupo, composto por membros da mesma família, cobrava até R$ 500 mil por prova, obtinha os gabaritos antecipadamente e utilizava dispositivos eletrônicos e dublês para realizar os exames em nome dos clientes do esquema.

Em mensagens interceptadas, um dos envolvidos orientava a filha a levar o rascunho das respostas e apagar tudo após o uso. Ele afirmava ter acesso às respostas da prova do CNU 2024 uma hora antes do início do exame.

“Leve o celular. Depois que passar as respostas, você já sabe: ao entrar, desligue o celular”, dizia ele, acrescentando: “Na parte da tarde, aguarde, que eu passo outras respostas que ele me enviar”.

A mulher foi aprovada no concurso para auditor fiscal do trabalho, com o objetivo de usar seu sucesso como prova da eficácia da fraude para atrair novos clientes. O grupo também atuava em concursos para vagas em bancos públicos e polícias militares.

A quadrilha era liderada por um ex-policial militar da Paraíba, expulso da corporação em 2021, com antecedentes por roubo, peculato, uso de documentos falsos e abuso de autoridade. Ele também foi aprovado no concurso de auditor fiscal do trabalho, que oferece salário superior a R$ 22 mil mensais.

De acordo com a Polícia Federal, ele teria feito a prova apenas para demonstrar aos compradores dos gabaritos que a fraude era possível, já que, mesmo aprovado para uma carreira cobiçada no serviço público, não participou do curso de formação realizado em Brasília/DF entre março e maio de 2025.

O Ministério da Gestão informou que cumpre decisões judiciais e coopera com a Justiça e a Polícia Federal.

Além do ex-policial, o grupo incluía seus dois irmãos e a sobrinha. Três deles passaram no concurso com gabaritos idênticos, o que chamou a atenção das autoridades. Todos são naturais de Patos, na Paraíba.

“As investigações mostram uma estrutura hierárquica baseada em laços familiares e confiança, envolvidas em fraudes anteriores e com experiência em segurança pública”, afirmou a PF.

O ex-policial era o mentor e líder da organização. A PF interceptou áudios em que pessoas solicitavam orientações para pagamento pela aprovação, e ele indicava contas de terceiros para os pix. Um dos irmãos era responsável por angariar clientes e lavar dinheiro pela compra de veículos. O outro fornecia os gabaritos para a filha e sobrinhas do líder do esquema.

O investigado tentou impedir as investigações ao recusar-se a fornecer a senha do celular e apagar apps de mensagens ao perceber a presença dos agentes, sendo preso em 2 de outubro.

Peritos conseguiram extrair um áudio em que ele prometia uma “comissão” pelos esquemas no CNU do ano anterior.

“Você esqueceu do CNU, meu filho. Nossa comissão será lá no CNU, vou batalhar para conseguirmos o dinheiro”, dizia a mensagem.

Outro irmão discutia o preço pelas respostas da prova do CNU, ressaltando que o pagamento só ocorreria após aprovação no exame. O valor era estimado em R$ 500 mil, considerando a necessidade de corromper vigilantes e desativar câmeras. O termo “boneco” referia-se ao uso de dublês com documentos falsos para fazer as provas.

O grupo aceitava pagamento em dinheiro, ouro, motos e tratamentos odontológicos caros.

Além da família de Patos, o esquema incluía um policial militar ativo do Rio Grande do Norte, dono de clínica odontológica suspeita de lavar recursos do grupo, e um indivíduo com histórico de fraudes em concursos desde 2017, responsável por obter os gabaritos.

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