A cerco em torno do presidente Michel Temer está se fechando cada vez mais. Segundo coluna de Matheus Leitão, do Globo, a Polícia Federal (PF) reforçou em 25 policiais e três peritos a equipe responsável pelo inquérito dos Portos num último esforço para concluir as investigações até esta terça-feira.
No início de maio, o relator do caso no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Luís Roberto Barroso atendeu ao pedido da PF e prorrogou o prazo para conclusão do inquérito por mais 60 dias. A investigação apura se Temer favoreceu empresas portuárias em troca de propina na edição do decreto dos Portos.
Em um último esforço para concluir as investigações, a PF mobilizou ainda o serviço de perícia de informática do Instituto Nacional de Criminalística e alguns policiais ligados às áreas de desvio de recursos públicos e de inteligência para analisar os dados obtidos durante todo o período de investigação. A previsão era de que os policiais trabalhassem de maneira ininterrupta nos últimos dias, inclusive nos jogos do Brasil na Copa, para concluir o caso, aberto em setembro do ano passado.
No mês passado, Barroso atendeu a um pedido da Procuradoria Geral da República e incluiu a colaboração premiada do doleiro Lúcio Funaro no inquérito. Em sua delação, Funaro afirmou que Temer tem negócios com a empresa Rodrimar, que teria sido beneficiada pela nova legislação, e, por isso, influenciou diretamente a aprovação do decreto. O texto ampliou de 25 para 35 anos as concessões do setor portuário, prorrogáveis por até 70 anos.
A investigação se abriu em outras frentes. Em junho, reportagem do jornal O Globo mostrou que a PF também investiga novos indícios de pagamentos de propina ao coronel João Baptista Lima, amigo pessoal do presidente, referente a contratos do Porto de Santos. A polícia encontrou no cofre da Argeplan, empresa do coronel, uma planilha que indica o repasse para Lima de 17% de um contrato de 50 milhões de reais que vigorou por 15 anos, a partir de 1998.
Em um relatório enviado ao STF, o delegado Cleyber Malta Lopes, que conduz as investigações, afirmou que a estrutura financeira da Argeplan foi colada à disposição de “demandas da vida pública e privada” de Michel Temer.
Ainda segundo o relatório, os vínculos entre Temer e o coronel ganham “mais relevância” por causa da reforma na casa de Maristela Temer, filha do presidente (e alvo do mesmo inquérito), realizada pela empresa do coronel. A reforma foi paga em dinheiro vivo pela mulher do coronel.
Quando concluída, a investigação pode embasar uma nova denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer. Enquanto o Centrão se mantiver aliado do presidente, ele conseguiria barrar o avanço de uma eventual denúncia. Mas Temer não será presidente por muito mais tempo, e vê um pós-mandato cada vez mais complicado.
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