PGR solicita condenação de membros do núcleo 3 na tentativa de golpe

A Procuradoria-Geral da República (PGR) encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) o pedido de condenação para nove de dez acusados que fazem parte do núcleo 3 da tentativa de golpe.

De acordo com a denúncia, este núcleo teria promovido ações estratégicas dentro da trama golpista. Os réus deste grupo são conhecidos como os “kids pretos”, denominados assim por serem integrantes das Forças Especiais do Exército Brasileiro.

Nove desses indivíduos foram denunciados pelos crimes de organização criminosa armada, tentativa violenta de derrubar o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado e destruição de patrimônio protegido.

Além dos “kids pretos”, o núcleo inclui também um agente da Polícia Federal (PF) que foi designado para atuar na posse do presidente Lula em 1º de janeiro de 2023, e que teria repassado informações sobre o evento para o grupo golpista.

Os réus do núcleo 3 são:

• Bernardo Romão Correa Netto, coronel do Exército;
• Fabrício Moreira de Bastos, coronel do Exército;
• Estevam Theophilo, general da reserva do Exército;
• Márcio Nunes de Resende Júnior, coronel do Exército;
• Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros, tenente-coronel do Exército;
• Hélio Ferreira Lima, tenente-coronel do Exército;
• Rafael Martins de Oliveira, tenente-coronel do Exército;
• Rodrigo Bezerra de Azevedo, tenente-coronel do Exército;
• Wladimir Matos Soares, policial federal;
• Ronald Ferreira de Araújo Júnior, tenente-coronel do Exército.

No caso de Ronald Ferreira Júnior, a PGR solicitou a reclassificação das acusações originais para o crime de incitação ao delito, possibilitando a negociação de um acordo de não persecução penal.

Segundo a acusação, cinco dos réus concentraram esforços em mobilizar colegas militares para aderirem ao golpe. O grupo, composto por Bernardo Romão, Fabrício Bastos, Márcio Júnior, Estevam Theophilo e Sérgio Cavaliere, utilizou seus conhecimentos e posições altas nas Forças Armadas para ampliar o movimento antidemocrático e pressionar as lideranças militares.

O objetivo principal era aumentar a aceitação interna no Exército para apoiar o golpe e conquistar a adesão do alto comando das Forças Armadas.

Bernardo Netto é acusado de organizar encontros com os “kids pretos” para debater medidas de exceção. Em diálogos obtidos nas investigações, ele demonstra preocupações sobre a ausência de evidências que pudessem justificar questionamentos eleitorais.

Outra troca de mensagens revelou a intenção de reunir “kids pretos” em posições estratégicas para influenciar os líderes militares, além de colaborar na criação de uma carta que incitava adesão militar ao plano golpista. Participaram da reunião e da elaboração da carta também Márcio Júnior e Sérgio Cavaliere.

Como comandante do Comando de Operações Terrestres, composto pelos “kids pretos”, Estevam Theophilo teria apoiado a trama golpista. Segundo delação, ele era visto como o general que lideraria a ação caso fosse decretado estado de exceção pelo então presidente Jair Bolsonaro.

Theophilo confirmou em depoimento uma reunião no Palácio do Alvorada, em 9 de dezembro de 2022, destinada a tratar de um documento conhecido como “minuta golpista”, evidenciando a gravidade do encontro.

Além da incitação entre militares, o núcleo 3 teria articulado o planejamento denominado “Punhal Verde e Amarelo”, que previa assassinatos de autoridades, incluindo integrantes da chapa eleita nas eleições de 2022: Luiz Inácio Lula da Silva e Geraldo Alckmin.

O grupo encarregado de executar essa ação violenta incluía os “kids pretos” Rodrigo Azevedo, Rafael Oliveira, Hélio Ferreira Lima, e o agente de Polícia Federal Wladimir Matos Soares.

O plano criminoso, elaborado pelo general Mário Fernandes, foi implementado em uma operação chamada “Copa 2022”, na qual os envolvidos usaram codinomes baseados em países e linhas telefônicas registradas em nomes de terceiros. A execução da operação começou, mas foi interrompida.