Uma das maiores paixões do paulistano, a pizza pode ser um dos maiores vilões da qualidade do ar de São Paulo. Um estudo liderado pela Universidade de Surrey, na Inglaterra, com a participação de pesquisadores brasileiros, mostra que o preparo da pizza é responsável pela emissão de níveis preocupantes de carbono na atmosfera da área metropolitana da cidade.
São Paulo tem aproximadamente 8 mil pizzarias, que produzem quase um milhão de pizzas por dia, segundo a pesquisa publicada na revista científica internacional Atmospheric Environment.
“Há mais de 7,5 hectares de floresta de eucalipto sendo queimados mensalmente por pizzarias e churrascarias [em São Paulo]. Um total de 307 mil toneladas de madeira é queimado anualmente”, relata o Prof. Dr. Prashant Kumar, da Universidade de Surrey, na Inglaterra. “Isso é uma ameaça significante o bastante para ser de real preocupação ao meio ambiente, negando o efeito positivo que políticas compulsórias de biocombustíveis têm em veículos”, completa.
Kumar é o responsável por chefiar a equipe de pesquisa que assina o estudo, composta por outros estudiosos sobre qualidade do ar no mundo, incluindo os pesquisadores brasileiros Maria de Fátima Andrade, Rita Yuri Ynoue, Adalgiza Fornaro e Edmílson Dias de Fretas, da USP; Jorge Martins e Leila Martins, da UFPR; e Taciana Albuquerque, da UFMG.
Intitulado “Novas direções: Dos biocombustíveis aos fornos à lenha: Os modernos e antigos desafios da qualidade do ar na megacidade de São Paulo”, o estudo explica como a queima excessiva de lenha em pizzarias, e carvão em churrascarias, trabalha contra medidas ecológicas focadas no combate à poluição, em especial a mistura compulsória de etanol na gasolina, prevista em lei federal. Atualmente, no Brasil, a gasolina deve incluir 27% de etanol em sua composição, com exceção das versões premium, que podem contar com apenas 25%.
Segundo Kumar, embora ainda seja muito cedo para afirmar que a emissão de poluentes pelas pizzarias e outros restaurantes anule efetivamente os benefícios dos biocombustíveis, elas “precisam ser consideradas em planos futuros de melhorias na qualidade do ar”.
Para Kumar, a melhor forma de combater a poluição vinda das pizzarias é reconhecê-la como um problema real. “Primeiro, [o governo deveria] fazer uma avaliação compreensível de emissões vindas dessas fontes. Segundo, deveria identificar quais são exatamente os contribuintes dominates para a poluição e desenvolver um plano de aliviamento para eles”, conclui o pesquisador.
*com supervisão de Paulo Guilherme
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