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Plataformas digitais ameaçam a democracia, alerta Maria Ressa

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Maria Ressa, jornalista filipina laureada com o Nobel da Paz em 2021, iniciou seu discurso na cerimônia do Prêmio Faz Diferença, no Teatro Copacabana Palace, destacando que o jornalismo é fundamental para a democracia.

Ressa, reconhecida por sua luta em defesa da liberdade de expressão, participou também de um evento promovido pelo Globo e a editora Companhia das Letras, onde discutiu temas como jornalismo e a propagação de desinformação, assuntos abordados em seu livro “Como enfrentar um ditador”, que autografou após o debate.

Em seu discurso, ela afirmou: “O jornalismo é a base da democracia. As narrativas que divulgamos moldam as vidas das pessoas.” Maria Ressa ressaltou as semelhanças entre experiências do Brasil e das Filipinas, ambos com históricos de regimes autoritários e consequências graves causadas pela desinformação. Citou os exemplos dos governos de Bolsonaro e Duterte para ilustrar esses desafios.

Ela parabenizou os jornalistas brasileiros que persistem em sua missão, mesmo diante da vulnerabilidade crescente, e mencionou que seu livro foi o único entre 25 traduções no qual o prefácio original foi substituído por um escrito por uma jornalista local, Patricia Campos Mello, que buscou justiça e obteve êxito.

Maria Ressa enfatizou que ambos os países enfrentam um momento difícil, onde a democracia está sob constante ataque ao redor do mundo.

A crise da informação

Segundo a jornalista, estamos vivendo um “apocalipse de informações”, uma era na qual a verdade é atacada e a confiança destruída. Sem fatos verificáveis, não há verdade, e sem esta, a confiança desaparece, eliminando uma base comum para a realidade e os relacionamentos sociais. Apenas regimes autoritários prosperam na ausência de confiança.

Maria Ressa compartilhou sua experiência pessoal, enfrentando 11 acusações criminais promovidas pelo governo de Duterte em menos de 14 meses, das quais venceu 10. Detalhou que sua liberdade é limitada, precisando de autorização da Suprema Corte para participar de eventos, evidenciando a dificuldade na recuperação de direitos civis perdidos.

O papel das plataformas digitais

A jornalista alertou que as tecnologias digitais se transformaram em armas poderosas contra a democracia, por meio de algoritmos que amplificam a desinformação e manipulam comportamentos humanos globalmente. Destacou o uso de chatbots e inteligência artificial generativa para propagar falsas informações.

Maria Ressa também refletiu sobre a luta interna da consciência humana, presente nas principais religiões do mundo, mencionando inclusive o Papa Francisco e conceitos do Islã como a jihad, para ilustrar a batalha pela alma da humanidade que acontece atualmente.

Ela afirmou que a tecnologia tende a incentivar os aspectos negativos da humanidade, e que a questão central é se permitiremos que ela destrua nossa essência e os sistemas democráticos.

A esperança e o compromisso

Maria Ressa trouxe esperança ao dizer que, apesar dos desafios, seu país e o Brasil resistem, ambos ainda enfrentando dificuldades similares. Alertou que o silêncio diante da injustiça é uma forma de colaboração e que a inação é uma escolha que todos fazem.

Destacou que o futuro da democracia depende da participação ativa de cada indivíduo e que, embora um só não faça a diferença, juntos é possível mudar o rumo dos acontecimentos.

Por fim, lançou um desafio aos jornalistas presentes, destacando que a sobrevivência da profissão e da democracia dependerá das ações que cada um decidir tomar nos próximos anos.

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