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PM culpa irmão da vítima por disparo acidental que matou adolescente

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Designado para julgamento no Tribunal do Júri, o policial militar que matou uma adolescente de 16 anos com um tiro à queima roupa na zona leste de São Paulo apresentou recurso alegando que a responsabilidade pelo homicídio é do irmão da vítima, que, ao sofrer uma coronhada na cabeça, fez a arma do PM disparar acidentalmente.

O incidente ocorreu em 10 de janeiro deste ano em Guaianases. Victoria Manuelly e seu irmão Kauê Alexandre dos Santos estavam em frente a uma adega quando foram abordados durante uma perseguição policial, mesmo sem qualquer ligação com os eventos investigados.

A câmera corporal do sargento Thiago Guerra, 39 anos, registrou o momento em que ele desferiu um golpe com a coronha da pistola em Kauê, provocando o disparo que atingiu o tórax da adolescente, que não resistiu aos ferimentos. Desde então, o policial está detido no presídio Romão Gomes.

Em 5 de agosto, Thiago Guerra foi declarado apto para julgamento no Tribunal do Júri, acusado de homicídio doloso com dolo eventual, que caracteriza assumir o risco de matar. A data para o julgamento ainda não foi marcada.

Em um recurso protocolado em 12 de agosto, os advogados do PM, João Carlos Campanini e Leandro Alvarez Duarte, afirmam que a tragédia teria sido provocada por Kauê, que teria agredido o policial. Eles também sustentam que Victoria teria agido de modo imprudente.

“Se Kauê Alexandre não tivesse interferido na ação policial, tentando evitar a abordagem legítima realizada pelo réu, e se ele próprio não tivesse agido de maneira imprudente no momento da abordagem, essa fatalidade não teria ocorrido”, afirmam os defensores.

“Se Kauê não tivesse tentado agredir o réu de forma descontrolada e irresponsável, o disparo teria ocorrido?”, questionam.

A defesa argumenta que, diante dessa lógica, Thiago Guerra deveria ser julgado por homicídio culposo, que é quando não há intenção ou assunção do risco de matar, o que o excluiria do julgamento pelo Tribunal do Júri, reservado para crimes dolosos contra a vida.

Esta tese, porém, é contrária à posição do Ministério Público de São Paulo (MPSP), que sustenta que a morte de Victoria Manoelly dos Santos foi resultado de uma ação violenta e dolosamente assumida pelo réu.

De acordo com a acusação, Kauê não reagiu à abordagem e as imagens das câmeras corporais indicam que ele não fazia parte da perseguição policial.

Segundo o MPSP, Thiago Guerra abordou arbitrariamente Kauê, que foi submetido a uma violência física severa, pois o réu golpeou com a arma sua cabeça, momento em que o disparo ocorreu e Victoria foi atingida fatalmente.

Além disso, a denúncia relata que Kauê foi agredido, algemado de forma brutal, colocado no porta-malas da viatura e privado de ar, chegando a gritar por socorro. Na delegacia, ele foi registrado em lágrimas.

No depoimento prestado no 50º Distrito Policial, no Itaim Paulista, o sargento alegou que Kauê, ao ser abordado, colocou as mãos na cintura, recusou a abordagem e teria dado um tapa na arma do policial, causando o disparo. Ele afirmou que ambos os irmãos estavam envolvidos na perseguição.

Entretanto, essa versão foi refutada pelas imagens das câmeras corporais, que mostraram outra realidade. Após a análise dessas imagens, Thiago Guerra foi declarado indiciado por homicídio e preso em flagrante no mesmo dia.

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