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PM usa bomba contra manifestantes, e grupo revida com fogo de artifício

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Equipes do governo do Distrito Federal iniciaram por volta de 10h desta segunda-feira (2) a derrubada de 300 construções no Residencial Nova Jerusalém, que ocupa área irregular no Setor Sol Nascente, em Ceilândia. O Batalhão de Choque usou bombas de efeito moral para dissipar moradores, que jogaram fogos de artifício para o alto na tentativa de impedir a operação.

Os primeiros lotes começaram a ser derrubados cerca de 30 minutos depois que a policia ocupou o local. Duas moradoras passaram mal e precisaram de atendimento por terem ficado nervosas com a operação. Uma delas segurava uma criança e foi encaminhada a uma ambulância.

Uma moradora de 26 anos,que não quis se identificar saiu chorando do local com o filho recém-nascido, de oito dias. Ela disse que mora no residencial desde julho do ano passado e que ficou muito nervosa com a ação da policia.

O subsecretário de Ordem Pública e Paz Social, coronel Alexandre José da Silva, afirmou que até as 10h40 não havia ocorrido nenhum confronto entre a policia e os moradores e que ninguém havia sido preso. Os registros eram só de resistência, e grupos queimavam pneus para impedir a atividade.

O local abriga 400 famílias. Parte delas chegou a fechar o Eixo Monumental pela manhã em protesto contra a iniciativa. Os líderes do protesto se reuniram às 9h30 com o subsecretário de Movimento Sociais e Participação Popular, Acilino Ribeiro. Segundo o subsecretário, os trabalhos de derrubada serão suspensos durante o encontro, mas ele afirmou que não haverá negociação.

“A área não pode deixar de ser usada para obras públicas de forma alguma. Não é uma reunião para negociação, vamos conversar como pode fazer com que diminua qualquer coisa que possa vir a ser considerada errada. Da mesma forma que tem as demandas deles de políticas habitacionais, também tem a demanda do governo de um planejamento quadrienal que tem de ser desenvolvido”, disse.

Agentes do Detran e da Polícia Militar ajudaram a controlar o tráfego, e muitos motoristas chegaram a fazer o retorno no canteiro central para evitar o congestionamento. Quem saía do Sudoeste ou passava pela Epia precisava fazer o desvio na altura do Memorial JK. A via de acesso do Eixo Monumental pela Epia foi fechada. Quem vinha da Epia Sul no sentido Sobradinho precisava seguir pelo Setor Militar Urbano.

Moradores do Residencial Nova Jerusalém, no Setor Sol Nascente, fecham o Eixo Monumental (Foto: Luciana Amaral/G1)

De acordo com a PM, 200 pessoas dormiram em frente ao Palácio do Buriti, sede do governo do Distrito Federal. Eles chegaram por volta de 1h em um ônibus. O grupo usou faixas e galhos de árvore durante o protesto. Os moradores dizem que já entraram na Justiça contra a derrubada no Sol Nascente.

“Estamos aqui hoje de campana para protestar contra a ação da Agefis juntamente com a Polícia Militar lá no local, que está previsto a derrubada para hoje durante o dia”, disse o pastor Renivaldo Alves da Silva. “Nós protocolamos junto à Defensoria Pública um pedido de tutela liminar. A gente pediu para que seja estagnado, seja parado toda e qualquer ação de derrubada no local.”

Um dos líderes do protesto, o estudante Higor Sávio reclamou da situação. “Hoje está um grande aparato lá para derrubar as casas. São cerca de 463 famílias. A nossa ideia é radicalizar para chamar a atenção do governo porque não está tendo diálogo.”

Morador do Sol Nascente há 11 meses, Rônney Araújo da Silva criticou a postura do governador Rodrigo Rollemberg. “A gente já veio em comissão aqui dialogar, e ele não quis diálogo. […] Daqui a gente não sai enquanto ele não vier conversar com o povo”, declarou.

Os outros manifestantes não chegaram a usar pneus ou galhos queimados, mas ficaram exaltados e não quiseram falar com a imprensa. A Polícia Militar informou que contava com 30 homens no Eixo Monumental.

A Agefis informou que enviou equipe ao Residencial Nova Jerusalém para dar início à reintegração de posse da área ainda nesta segunda, com a derrubada de 300 construções. Os manifestantes afirmaram que vão entrar com um mandado de segurança contra a derrubada.

Na sexta, moradores do Residencial Nova Jerusalém fecharam a avenida Hélio Prates, que liga Ceilândia a Taguatinga, depois de serem notificados sobre nova operação de derrubada. Eles carregaram faixas pedindo melhorias na política de habitação do DF e criticaram o atual governo.

Após negociação com a PM, os manifestantes desocuparam a via. O administrador de Ceilândia, Vilson de Oliveira, se reuniu com representantes dos manifestantes e, segundo a administração, ficou combinado que será realizada uma nova reunião entre a Agefis, a Casa Civil e os moradores do Sol Nascente, pois o comandante regional do governo não tem jurisprudência sobre o que será derrubado no local. Um documento com as reivindicações desses moradores também deverá ser entregue para o governo.

Fonte/Foto: G1 /Luciana Amaral

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