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Polícia descobre contradições e solicita prisão de PM que matou marceneiro em São Paulo

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A Polícia Civil de São Paulo divulgou, na quarta-feira (6/8), o resultado final do inquérito referente à morte do marceneiro Guilherme Dias Santos Ferreira, de 26 anos. O jovem foi morto pelo policial militar (PM) Fábio Anderson Pereira de Almeida com um disparo na cabeça na noite de 4 de julho, ao sair do trabalho, localizado na Estrada Turística de Parelheiros, zona sul da capital.

O policial alegou ter sido vítima de assalto por parte do marceneiro momentos antes do incidente. Entretanto, investigadores identificaram inconsistências no relato do agente e pediram a prisão preventiva do mesmo.

Inicialmente, o policial declarou que Guilherme e um colega teriam corrido em direção a uma motocicleta vinculada ao assalto, levantando suspeitas de envolvimento. Mas a investigação revelou que Guilherme seguia para o ponto de ônibus, distanciando-se da motocicleta, da qual nem sabia pilotar. As imagens de câmeras de segurança comprovaram que após o assalto, Fábio permaneceu por cinco minutos em meio a várias pessoas, contrariando sua alegação de vulnerabilidade.

Além disso, Guilherme trajava roupas distintas das usadas pelos supostos criminosos e não se aproximou da moto em questão. A Polícia Civil também concluiu que o uso da arma pelo policial não foi legítimo, pois o marceneiro não apresentava ameaça iminente à vida do agente ou de terceiros.

O relatório indicou que o policial conseguiu abordar outro envolvido sem recorrer a disparos adicionais, e por esse motivo, o crime foi reclassificado como homicídio qualificado, considerando a dificuldade imposta à defesa da vítima. A delegacia responsável solicitou a prisão preventiva do PM, que havia sido liberado após pagamento de fiança no valor de R$ 6.500, e requisitaram a revogação desse benefício.

O Ministério Público de São Paulo se posicionará sobre o pedido, que será julgado pelo Tribunal de Justiça do Estado. Fábio Anderson Pereira de Almeida, de 35 anos, foi afastado das atividades na Polícia Militar.

Motivação de vingança

O relatório aponta que o policial agiu com intuito de vingança ao disparar contra um suposto assaltante, não estando protegido pela justificativa de legítima defesa prevista em lei. A autoridade responsável destacou que, mesmo considerando o erro sobre a identidade do indivíduo, a ação configura dolo, já que o comportamento violento não pode ser justificado, mesmo em erro.

Os investigadores afirmam que, mesmo caso fossem os criminosos, o PM estaria agindo com o propósito de vingança, ultrapassando os limites legais da atuação policial.

Vítima não relacionada ao crime

Guilherme Dias Santos Ferreira tinha 26 anos quando foi morto por engano pelo policial Fábio Anderson Pereira. Ele carregava uma mochila com pertences pessoais e foi atingido na região atrás da orelha direita.

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, o policial foi inicialmente indiciado por homicídio culposo e respondeu ao processo em liberdade, após pagamento de fiança. A classificação da morte foi alterada para homicídio doloso recentemente.

Após o ocorrido, o policial foi afastado das funções operacionais e o caso segue sob investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), com acompanhamento da Polícia Militar.

Vídeos registram ocorrências

Imagens de câmeras mostram o momento em que Guilherme registrou seu ponto de trabalho pouco tempo antes do disparo fatal. Outra gravação flagrou o policial atirando contra dois suspeitos antes do incidente fatal com Guilherme. O jovem não tinha qualquer ligação com o assalto ocorrido.

Reação e posicionamento

A morte de Guilherme Dias Santos Ferreira provocou críticas de organizações de direitos humanos e autoridades públicas. O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania do governo federal enfatizou a necessidade de investigações rápidas e eficazes, destacando que a cor da pele não pode determinar o risco de morte em nosso país.

Segundo o ministério, o episódio evidencia a urgência em repensar as políticas de segurança pública e o papel das forças policiais. Ressaltaram também a inadmissibilidade da violência e discriminação por parte de agentes encarregados de proteger a população, reforçando o compromisso com a justiça para Guilherme e sua família.

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