A Polícia Civil do Distrito Federal investiga a suposta agressão contra um funcionário do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) em um supermercado do Lago Sul, a 7 km de distância da área central de Brasília. Segundo a corporação, ele foi chutado por outro homem após uma discussão no estabelecimento, no último sábado (21). Até a publicação desta reportagem, a corporação ainda tentava identificar o autor das agressões.
Cidadão colombiano no Brasil, o funcionário da entidade internacional disse que a confusão começou quando o outro cliente bateu com o carrinho de supermercado na perna do filho dele, de 5 anos.
“Foi uma situação normal, que poderia ter acontecido a qualquer hora. Disse que ele tinha acertado o meu filho. Aí ele começou com alguns insultos, sendo que a única coisa que eu queria era que pedisse desculpas”, diz o funcionário do BID.
A discussão foi encerrada e os dois clientes concluíram as compras normalmente. Na saída do local, a vítima diz que foi abordada novamente quando “achava que aquilo já tivesse terminado”. O homem diz que levou um chute pelas costas enquanto carregava as compras, na frente do filho.
“Paguei, fui sacar dinheiro e ele estava me esperando do lado de fora. Ele acabou me seguindo pelo estacionamento, dizendo que eu iria ‘saber como as coisas funcionam aqui no Brasil’. Fiquei assustado porque parecia alguém que também morava no Lago Sul”, diz o estrangeiro.
O colombiano ficou ferido nas costas, no braço, no joelho e na boca. Ele foi atendido em um hospital particular da Asa Sul e registrou ocorrência na 10ª DP (Lago Sul). “Não quis bater nele. Só quis imobilizá-lo. Fiquei chateado que ele fez isso na frente da minha criança. Não respeitou nem isso. No final, quem viu me disse que ele ainda pegou meus óculos e saiu caminhando.”
O estrangeiro morava com a família há cinco anos no Brasil. Prestes a se mudar para Washington, nos Estados Unidos, ele afirma que tinha ido fazer compras para a festa de despedida do país.
“Morei muito feliz aqui no Brasil. É uma tristeza isso acontecer pouco antes de a gente sair porque a última lembrança que fica é isso. Claro que foi um fato isolado, mas a tolerância está acabando por aqui”, diz.
A mulher do funcionário afirmou que teme represálias e identificou um tom de racismo nas ofensas do agressor. “Nesses cinco anos fizemos muitos amigos, nunca sentimos nenhum tipo de violência. Mas quando aquele homem disse ‘volta para o seu país’, senti que foi algo racista: mandando embora quem fosse estrangeiro”, disse.
Na entrevista, ela também questionou o fato de ninguém ter defendido o marido. A rede de supermercados informou que os seguranças contratados só atuam dentro do estabelecimento.
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