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Policiais acusados de pressionar testemunha por telefone na prisão

Detidos pela Polícia Federal em setembro do ano anterior sob acusação de extorquir dinheiro de criminosos vinculados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) para evitar investigações, os policiais civis Valmir Pinheiro, apelidado de Bolsonaro, e Valdenir Paulo de Almeida, conhecido como Xixo, são suspeitos de continuar suas atividades ilícitas de dentro do Presídio Especial da Polícia Civil, localizado na zona norte de São Paulo.
De acordo com investigações da Corregedoria da Polícia Civil e do Ministério Público de São Paulo (MPSP), Xixo e Bolsonaro protagonizaram uma ação inédita na história da unidade prisional, realizando uma chamada telefônica para intimidar e ameaçar uma testemunha de um processo criminal que respondem.
Esta ligação motivou uma operação conjunta em fevereiro, envolvendo a Corregedoria, o Canil da Guarda Civil Metropolitana (GCM) e a Promotoria, que resultou na apreensão de 20 celulares, drogas, bebidas alcoólicas, notebooks e quantias substanciais em dinheiro na unidade prisional.
Algumas semanas depois, durante outra ação, foram encontrados mais celulares, substâncias ilícitas, dinheiro, anabolizantes e caixas de cerveja. A Corregedoria instaurou um inquérito para identificar os responsáveis pelos itens ilegais.
Além disso, foi solicitada a transferência de Xixo, Bolsonaro e outros oito policiais civis detidos por supostas conexões com o crime organizado para o Regime Disciplinar Diferenciado (RDD). Contudo, o pedido foi negado pelo juiz Hélio Narvaez, que citou preocupações sobre a segurança do presídio e o risco de fuga.
Enquanto estavam soltos, Xixo e Bolsonaro mantiveram contato com o corretor de imóveis Vinícius Gritzbach, delator do PCC, que foi executado a tiros no Aeroporto Internacional de São Paulo meses depois de sua colaboração com as autoridades.
Gritzbach havia sido intimidado por policiais para pagar por sua inocência em um processo de duplo homicídio envolvendo membros do PCC. No final de 2021, ele foi sequestrado por membros da facção e pelo policial civil Marcelo Roberto Ruggieri, conhecido como Xará, e submetido a um tribunal do crime.
Em 2022, o corretor foi preso, embora sempre tenha negado o crime. Após sua liberação com medidas cautelares, Xixo o procurou e um telefonema foi recebido, no qual um advogado identificado como Ahmed Hassan Saleh, conhecido como Mude, mencionava uma recompensa de R$ 3 milhões para a morte do corretor.
O advogado está ligado à Sintonia dos Gravatas, um departamento do PCC, e é apontado como um elo entre a execução de Gritzbach e um esquema de lavagem de dinheiro por meio de empresas de ônibus na capital paulista.
Na delação premiada apresentada por Gritzbach, há uma gravação de áudio em que Mude fala sobre o valor oferecido pela cabeça do corretor, evidenciando a ligação dos policiais civis com a maior facção criminosa do país.
Além disso, Gritzbach teria informado Xixo e Bolsonaro sobre a localização de 15 casas cofre do PCC, onde milhões de reais eram guardados. Os policiais teriam invadido esses locais sem mandado judicial, subtraindo aproximadamente R$ 90 milhões da facção criminosa.
Em mensagens e e-mails, o integrante do PCC identificado como Tacitus citou os policiais e orientou investigações para comprovar seu envolvimento com o crime organizado, ao mesmo tempo em que prometeu vingança contra eles.
Xixo e Bolsonaro foram detidos em setembro pela PF, suspeitos de receber R$ 800 mil do narcotraficante João Carlos Camisa Nova Júnior para protegê-lo de investigações relacionadas à exportação de cocaína para a Europa.

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