Policial ferido em ação da Rota: delegada critica liderança da SSP

Raquel Gallinati, diretora da Associação dos Delegados de Polícia do Brasil, classificou o caso em que o investigador Rafael Moura foi ferido por um sargento da Rota na zona sul de São Paulo como consequência de um sistema que age de forma improvisada, com frequentes violações aos protocolos operacionais. A delegada ressalta graves falhas na liderança da Polícia Militar.

“Esse é mais um caso que evidencia a repetição de falhas estruturais persistentes. Não é o primeiro, infelizmente não será o último, enquanto as causas fundamentais não forem resolvidas: falta de integração doctrinária entre as forças e desvalorização dos profissionais”, afirma Gallinati.

Após o incidente, ocorrido na noite de sexta-feira (11/7), o delegado Antonio Giovanni Neto, do 37º Distrito Policial, no Campo Limpo, iniciou uma investigação para apurar se o sargento Marcus Augusto Costa Mendes agiu de forma desmedida. Testemunhas relataram que o policial militar confundiu o agente com um criminoso e teria aberto fogo ao chegar no local.

Rafael Moura foi atingido por três tiros, um no braço e dois no abdômen, e seu estado é grave. Ele foi levado ao Hospital das Clínicas, onde foi submetido a cirurgia. Outro policial civil também foi alvejado.

Para Raquel Gallinati, a atitude do PM reflete a deficiência no treinamento adequado. “Que o policial que efetuou os disparos seja plenamente investigado e, se responsabilizado, punido rigorosamente conforme a lei. Da mesma forma, os líderes devem assumir a responsabilidade institucional que lhes cabe”, destaca a delegada.

“Usar o sofrimento dos nossos colegas para fins políticos é repugnante. Desrespeita as famílias enlutadas, desonra aqueles que vestem a farda com coragem e trai os policiais que diariamente arriscam suas vidas pela sociedade”, completa.

Desenvolvimento da ocorrência

• Agentes da Polícia Civil realizavam diligências no bairro do Capão Redondo em veículo sem identificação.
• Policiais da Rota confundiram o carro com o de traficantes e abriram fogo.
• Os agentes alvejados tentaram alertar sobre sua condição como policiais civis.
• Mesmo assim, foram atingidos pelos disparos.
• Rafael Moura levou três tiros: um no braço e dois no abdômen, e foi encaminhado ao hospital.
• O outro agente sofreu um ferimento leve. O estado de saúde dele não foi divulgado.