Um artigo científico publicado recentemente na Revista Circulation, da Associação Americana do Coração, ressalta que a poluição do ar foi responsável por cerca de 3,3 milhões de mortes no mundo decorrentes de doenças cardiovasculares em 2016. O assustador é que esse dado supera o número de óbitos atribuídos a problemas crônicos, como tabagismo (2,48 milhões), obesidade (2,85 milhões) e diabetes (2,84 milhões). Apenas a hipertensão arterial mata mais gente por problemas como infarto ou AVC.
Pois é: a poluição ambiental não só agrava problemas respiratórios, como rinite, bronquite e pneumonia. Segundo Claudio Tinoco, diretor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro (Socerj), a contaminação atmosférica leva a uma maior agressão dos vasos sanguíneos. Isso, por sua vez, favorece a aterosclerose – uma formação de placas de gordura nas paredes internas das artérias que pode obstruir o fluxo do sangue no coração ou no cérebro, por exemplo.
Além disso, de acordo com o médico, a exposição ao ar sujo aumenta a pressão arterial, a frequência cardíaca e a inflamação dos vasos. São alterações que, com o tempo, bagunçam a saúde cardiovascular.
No artigo, os autores destacam que algumas pessoas devem se preocupar mais com a poluição. Fazem parte do grupo de risco: idosos, obesos, diabéticos e quem já tem problemas cardíacos.
Dá para escapar da poluição?
Mas como o morador de uma grande cidade pode prevenir doenças cardiorrespiratórias ocasionadas pela contaminação do ar? A verdade é que a poluição se espalha bastante, o que torna praticamente impossível fugir completamente dela.
Os autores do artigo sugerem, ao dirigir, manter as janelas do carro fechadas e deixar o ar condicionado ligado. Só tem que limpar bem o filtro de vez em quando!
Nos dias em que o ar está cinzento, vale a pena até fechar a casa. E para quem usa forno à lenha, é importante manter o ambiente ventilado.
Segundo a publicação, há evidências de que suplementos alimentares de vitaminas, antioxidantes e ômega-3 ajudam a proteger o coração contra disfunções desencadeadas pela poluição. Porém, eles só devem ser engolidos após uma consulta com o médico.
Claudio Tinoco ainda dá dicas envolvendo os exercícios: “Todas as pessoas precisam ser estimuladas a fazer atividades físicas, mas as sedentárias não deveriam iniciar a prática em ambientes com altos níveis de poluição”. Segundo o doutor, a movimentação regular protege o coração, porém a imundície atmosférica chega a anular esse benefício.
“Quem faz parte do grupo de risco deve evitar se exercitar em lugares com muitos automóveis, como avenidas de grande circulação”, ensina Tinoco. Ao suar a camisa, priorize momentos fora da hora do rush.
Agora, o cardiologista afirma que os médicos e a sociedade têm o papel social de cobrar o poder público por um controle rígido da poluição ambiental. Assim, todos respiraremos um ar mais saudável.
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