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Por falta de médicos, 22% das UTIs na rede pública estão desativadas
Faltam 215 médicos na rede, diz Saúde; novas nomeações são prometidas. Dos 353 leitos, 78 estão inativos; pedidos judiciais de UTI cresceram 7,6%.
Quase 25% dos leitos de UTI da rede pública estão inativos, apontam dados do Portal de Transparência do Distrito Federal. Das 353 unidades disponibilizadas, 78 estão sem funcionamento. Os motivos, de acordo com a Secretaria de Saúde, são a falta de profissionais e manutenção dos quartos. No dia 29 de janeiro, havia 92 pessoas na fila por vaga em UTI, diz a pasta. Nesta segunda (1º), são 102 pacientes na fila.
O custo diário médio estimado de um leito da UTI é de R$ 3.972,87. De acordo com a Secretaria de Saúde, 68 estão inativos por falta de pessoal, e outros 10 estão em manutenção. Por nota, a secretaria esclareceu que está trabalhando para solucionar o déficit de profissionais em todas as áreas da Saúde.
“Avaliamos como prioridade a reabertura de leitos de UTI. Neste mês, 696 técnicos em enfermagem e 93 enfermeiros foram nomeados para repor o quadro de RH possibilitando a reabertura [das UTIs]. Também foram nomeados 591 médicos”, informou a pasta.
Em 2015, a Secretaria de Saúde nomeou 1.056 profissionais concursados. Desse total, 758 tomaram posse, incluindo os 36 pediatras que assumiram nesta segunda e devem assumir o posto até o fim da semana, 189 não se apresentaram e 149 pediram reposicionamento na fila. As áreas com maior dificuldade de contratação foram anestesiologia, pediatria e medicina intensiva (UTI adulto).
Atualmente, a secretaria conta com 32.915 profissionais, incluindo 4.923 médicos. A pasta diz ter um déficit de 215 médicos, mas não informou a carência em outras áreas relacionadas.
O aposentado Eucyr Fernandes da Silva, de 79 anos, ficou um mês e duas semanas na fila de espera para uma vaga na UTI do Hospital de Samambaia. Entretanto, uma semana após conseguir o quarto, morreu em decorrência de um AVC. Para Geraldo de Carvalho Lima, genro de Silva, o governo do DF foi quem “matou” o idoso.
“Meu sogro faleceu em dezembro do ano passado por falta de assistência. Haviam leitos de UTI disponíveis. Fiz até um vídeo [veja acima]. Infelizmente, apenas os ricos têm assistência no país. Os pobres morrem esperando uma vaga. É triste, revoltante. Todo dia, o governo de Brasília mata uma pessoa”, diz Lima.
Mesmo com ordem judicial, um motorista de 35 anos morreu à espera de UTI em 2015.Carlos Guedes Santana foi internado em estado grave na Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) de Samambaia, diagnosticado com pancreatite. Na época, a Secretaria de Saúde disse que foi notificada do caso e sabia da gravidade do caso, mas não conseguiu vaga nas UTIs públicas e conveniadas.
“A gente parte do pressuposto de que houve omissão, e que isso veio a contribuir para o óbito dele”, afirma a tia de Carlos, Edna Santana. “Lutamos, fomos atrás de tudo, mas é sempre negado. Espera, fica para depois”, diz o pai, Francisco Santana. O motorista deixou quatro filhos pequenos.
Questionada sobre a prioridade dos quartos, a Secretaria de Saúde informou que encaminha os pacientes por uma fila única e de acordo com o quadro clínico e necessidade de atendimento. Os pacientes também recebem classificação de risco e os mais graves são priorizados. “Quanto ao prazo, a fila muda a todo instante e, portanto não há como precisar o tempo em que cada um aguarda por uma vaga”, disse a pasta.
Hospitais
No Hospital de Base, o maior da rede, 24 dos 82 leitos disponíveis estão inativos. As unidades das regiões administrativas de Brasília também sofrem com o déficit. São 72 UTIs sem funcionar por falta de profissionais e 13 por manutenção.
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