Poucas pessoas seguem dieta boa para saúde e planeta

Menos de 1% das pessoas no mundo adota uma alimentação que seja benéfica para a saúde humana e para o meio ambiente, revela um estudo da Comissão EAT-Lancet de 2025 divulgado na quinta-feira (5).

A pesquisa mostra que mudar para padrões alimentares mais saudáveis poderia evitar até 15 milhões de mortes prematuras anualmente e cortar as emissões globais de gases poluentes em até 20%.

Especialistas de mais de 35 países, incluindo nutricionistas, climatologistas, economistas e médicos, participaram da avaliação dos impactos do sistema alimentar na saúde e no meio ambiente. Eles alertam que a produção de alimentos ameaça cinco sistemas essenciais da Terra: clima, solo, água, nitrogênio e fósforo, além de causar poluição química e microplásticos.

Dr. Fabrice DeClerck, diretor científico do EAT, destacou que se todos adotassem dietas mais saudáveis, seria possível alimentar 10 bilhões de pessoas em 2050 usando 7% menos áreas agrícolas do que hoje. Ele afirmou à BBC Science Focus: “Nunca antes na história produzimos alimentos para mais pessoas com menos recursos”. O estudo também enfatiza a importância da justiça social, defendendo salários dignos e acesso mais igualitário à comida.

O relatório recomenda a Dieta da Saúde Planetária (PHD), que valoriza frutas, vegetais, nozes, leguminosas e grãos integrais. Fabrice DeClerck ressaltou que esta dieta pode ser adaptada culturalmente, e exemplos de dietas saudáveis são comuns em países de renda média, como na região do Mediterrâneo, no subcontinente indiano e no Sudeste Asiático.

Além dos benefícios para a saúde individual, mudar a alimentação impacta diretamente a sustentabilidade do planeta. O relatório aponta que os 30% mais ricos da população mundial causam mais de 70% dos impactos ambientais ligados à alimentação. Prof. Johan Rockström, copresidente da Comissão e diretor do Instituto de Potsdam para Pesquisa de Impacto Climático, afirmou: “Transformar os sistemas alimentares não é só possível, é fundamental para garantir um futuro seguro, justo e sustentável para todos.”