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Economia

Powell indica corte de juros e mercados futuros caem

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Após terem sido impactadas por um cenário político e institucional mais instável nas últimas sessões, as taxas de juros futuras apresentaram queda generalizada em todo o espectro nesta sexta-feira (22). Os investidores revisaram suas posições após o discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que não confirmou um corte de juros em setembro durante o Simpósio de Jackson Hole, mas sinalizou claramente, segundo o mercado, que essa poderá ser a próxima medida.

Apesar de a relação entre a política monetária dos EUA e do Brasil não ser direta, uma redução nos juros americanos tende a valorizar o real, o que pode acelerar a diminuição da inflação e possibilitar ao Banco Central iniciar o esperado processo de redução da Selic.

Ao final dos negócios, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2027 caiu de 14,086% no ajuste anterior para 13,955%. O DI de janeiro de 2028 baixou de 13,436% para 13,295%. O DI de janeiro de 2029 recuou de 13,425% para 13,28%. O DI para janeiro de 2031 ficou em 13,64%, vindo de 13,769%, e o DI de janeiro de 2033 diminuiu de 13,929% para 13,82%.

Segundo Marianna Costa, economista-chefe da Mirae Asset, o dia foi atípico, com volume melhor e ajustes significativos de posições, sendo as falas do presidente do Fed o principal fator no mercado, em meio à ausência de dados internos. Powell destacou que, com os juros em níveis considerados “restritivos”, a perspectiva e o equilíbrio de riscos podem justificar um ajuste na política monetária, o que muitos interpretaram como uma possível redução no próximo mês.

No discurso do presidente do Fed, o DI para janeiro de 2027 caiu de 14% para 13,95%, observa Marianna. Com o dólar enfraquecendo globalmente e o maior diferencial de juros entre Brasil e EUA, a tendência é a valorização do real, aumentando a chance de que o Banco Central brasileiro antecipe o corte dos juros. “Um câmbio mais forte, estabilizado próximo a R$ 5,40, pode trazer um alívio para a inflação e permitir um corte maior da Selic, não apenas antecipado”, analisa.

André Diniz, economista-chefe da Kinea Investimentos, comenta que o ambiente favorável a cortes de juros nos EUA não muda diretamente a trajetória da política monetária brasileira, mas, ao favorecer o real como moeda de investimento, ajuda a manter os preços sob controle. “É um fator adicional para a possibilidade de o Banco Central iniciar cortes, embora não seja determinante”. A Kinea prevê que o Copom começará a flexibilizar a política monetária em dezembro, com uma redução de 0,5 ponto percentual na Selic, atualmente em 15%.

Na avaliação semanal, o alívio desta sexta não compensou o aumento da inclinação da curva de juros registrado durante os últimos dias. “A semana foi marcada por incertezas relacionadas à tensão política nos Estados Unidos, o que elevou a curva de juros local”, aponta a equipe do Santander.

Outro ponto que influenciou a movimentação dos juros foram pesquisas recentes do instituto Genial/Quaest, apontando melhora na avaliação do governo Lula e a vantagem do atual presidente em vários cenários para as eleições de 2026.

Para a próxima semana, o mercado acompanhará indicadores como IPCA-15 e IGP-M de agosto, dados fiscais com resultado primário e dívida pública, além da geração de empregos formais do mês anterior, divulgado pelo Caged. Internacionalmente, a atenção estará no núcleo da inflação dos EUA (PCE).

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