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Pré-candidatos ao Buriti buscam apoio antes das eleições
Além de Rollemberg, nenhum candidato ou partido arrisca cravar o nome na disputa. Incertezas sobre a posição das legendas ou a preferência da população são os principais motivos
Com a aproximação do prazo final para a troca de partidos e o alinhamento de coligações, a corrida eleitoral começa a se afunilar no Distrito Federal. Contudo, apesar da efervescência das articulações, peças importantes da disputa pelo Palácio do Buriti ainda enfrentam o descompasso entre os próprios desejos e os planos dos partidos. Há aqueles que detêm o apoio das legendas, porém preferem adiar o lançamento das pré-candidaturas, como o presidente da Câmara Legislativa, Joe Valle (PDT), e o ex-secretário de Saúde Jofran Frejat (PR). Outros garantem que estarão no pleito, mas ainda não conquistaram o suporte oficial das próprias siglas — é o caso dos deputados federais Izalci Lucas (PSDB) e Alberto Fraga (DEM). Até agora, o único nome certo para concorrer ao pleito é o do governador Rodrigo Rollemberg (PSB).
Com o intuito de garantir o palanque eleitoral de Ciro Gomes à presidência da República, o PDT aposta todas as fichas em Valle para o GDF. O comandante nacional da sigla, Carlos Lupi, deu carta branca ao distrital para a formação de coligações na capital e garantiu turbinar os cofres da campanha. Na Executiva local, o apoio também é unânime. A sigla não quer perder, mais uma vez, a oportunidade de assumir o protagonismo em Brasília — apesar das grandes chances de vitória no passado, os senadores Cristovam Buarque (PPS) e José Antônio Reguffe (sem partido) optaram por não concorrer ao Buriti à época em que integravam o partido.
O alto escalão do PDT pretende lançar a pré-candidatura de Valle no início de março. Ele ainda não deu sinal verde, dizem interlocutores. O distrital quer, antes, concretizar planos que o elegeram presidente do Legislativo local, como a redução de gastos, incrementada pelo fim da verba indenizatória, e o reforço da transparência nos atos financeiros e administrativos da Casa. O pedetista ainda pretende formar uma base política sólida antes de abraçar a campanha. “Não pretendo ser candidato de mim mesmo”, costuma dizer.
A situação de Jofran Frejat é mais complexa. Apesar do apoio do PR e do desejo declarado de concorrer ao comando do GDF, o ex-secretário de Saúde enfrenta a resistência do próprio grupo político. A despeito de ocupar a primeira colocação em pesquisas de opinião, a coalizão, integrada também por PTB, MDB, PSDB e DEM, encomendou um novo estudo relativo às intenções de voto e, agora, diverge sobre a data da aplicação dos questionários ao público.
Outro agravante, garantem interlocutores, é o fato de a candidatura de Frejat não satisfazer às pretensões do ex-governador José Roberto Arruda, que o lançou à disputa de 2014 por conta da inelegibilidade. Além disso, o grupo de centro-direita pode ser rompido. A imposição do presidente do MDB-DF, Tadeu Filippelli, de indicar o vice da chapa não agradou aos integrantes, os quais garantem que não aceitarão a condição. O ex-secretário de Saúde pretende intensificar o diálogo para garantir a unidade da potencial coligação. “Casa dividida não permanece em pé. A divergência abre espaço para a reeleição de Rodrigo Rollemberg”, pontua.
O deputado federal Izalci Lucas, por sua vez, garante a pré-candidatura ao Buriti. Todavia, o parlamentar não recebeu a garantia de apoio da própria sigla. Isso porque o presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) negocia, a nível nacional, com o PSB, do governador Rodrigo Rollemberg. Apesar de a situação estar delicada em São Paulo, com tucanos e socialistas se engalfinhando pelo Palácio dos Bandeirantes, a aliança ainda é uma probabilidade. O ajuste do cenário deve começar em 4 de março, quando o PSDB baterá o martelo, em prévias, sobre o candidato oficial da sigla ao Palácio do Planalto — Alckmin deve vencer o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio (leia Para Saber Mais).
Ainda há o problema de Izalci enfrentar grande resistência no tucanato local. A maioria das correntes do partido se opõem ao deputado, principalmente a capitaneada pela ex-governadora Maria de Lourdes Abadia, que chefia a Secretaria de Assuntos Estratégicos da gestão Rollemberg. Para os algozes, o fracasso do parlamentar foi selado com a renovação do mandato provisório no comando do PSDB apenas até 15 de março, a três semanas do fim do prazo para a migração entre legendas, quando poderia chegar a junho.
Em razão das divergências internas, Izalci recebeu convites de outros partidos para se filiar. Entre eles, o PSL, do presidenciável Jair Bolsonaro. Ainda assim, o tucano está confiante quanto à pré-candidatura pelo PSDB. “Com certeza, irei até o fim. Isso é fato consumado. O fato de Rollemberg buscar aproximação com o partido só mostra a preocupação dele com o nosso crescimento”, garantiu.
Troca de bandeiras
Hoje, apesar de se apresentar oficialmente como candidato ao Buriti, Alberto Fraga é visto como um nome para o Senado, em parte por conversas nos bastidores e pelo fato de não ser a prioridade do DEM. Mas traições internas podem levá-lo a deixar a legenda e, com isso, mudar as peças do jogo pelo Buriti. Decepcionado com a derrota na disputa pela liderança do partido na Câmara dos Deputados, o demista baterá o martelo sobre a possibilidade até o fim da próxima semana. Apesar de transitar bem na Casa e deter a garantia preliminar de 18 dos 31 votos possíveis, ele acabou vencido por Rodrigo Garcia após a interferência no pleito de Geraldo Alckmin, do prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), e do ministro da Educação, Mendonça Filho (DEM).
Se, após conversas com correligionários, decidir trocar o DEM pelo MDB — maior partido do Brasil, ao qual foi filiado entre 1997 e 2003 —, Fraga pode se consolidar como forte concorrente ao GDF, dada a proximidade com Filippelli, a estrutura da agremiação e as circunstâncias do grupo de centro-direita. “Ter perdido a liderança pelo toma lá da cá me deixou chateado. Mas é justo conversar com meus colegas e avaliar a situação com calma”, ponderou.
A tendência é de que as chapas pelos cargos majoritários — Buriti, Vice-Governadoria e Senado — tomem forma até o fim de abril, uma vez que o prazo final para a troca partidária é o dia 7 daquele mês e, em 5 de julho, começam as propagandas intrapartidárias dos concorrentes para o amadurecimento das candidaturas.
Para saber mais
Negociações entre tucanos
Os tucanos comandam São Paulo desde 1995. O PSB, contudo, pretende mudar o cenário. Em 4 de março, o PSDB deve confirmar Geraldo Alckmin como a aposta do partido para a presidência da República. Assim, em abril, ele se descompatibilizará do cargo de governador paulista. O vice, Márcio França (PSB), assumirá com o plano de ser candidato e permanecer no posto até 2022. O socialista quer o apoio do tucanato em troca da formação de um palanque eleitoral a Alckmin no Nordeste, região em que os socialistas detêm força. Os planos incomodaram. A ala do PSDB ligada a João Dória e José Serra descarta a possibilidade. Alckmin e aliados buscam evitar a divisão da base política. O resultado da disputa pelo Palácio dos Bandeirantes vai interferir de forma direta na possibilidade de aliança entre os partidos pelo Buriti.
Fonte: Ana Viriato/ Correio Braziliense
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