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Premiê da Índia chega à Ucrânia para reunião com Zelensky semanas após encontrar Putin
Visita de Narendra Modi, que diz apoiar o fim da guerra entre os países, é a 1ª de um líder indiano desde a independência ucraniana
O primeiro-ministro indiano Narendra Modi chegou à capital ucraniana, Kiev, onde se reunirá com o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, encontro que será observado atentamente na Rússia enquanto ataques ao vizinho avançam.
A visita de Modi, a primeira de um líder indiano desde a independência da Ucrânia, acontece poucas semanas depois de ele viajar a Moscou em uma primeira viagem simbólica ao exterior de seu novo mandato como líder, onde manteve conversas com o presidente Vladimir Putin, criticadas por Kiev.
Nova Délhi tem repetidamente pedido um cessar-fogo e paz na Ucrânia, mas se absteve de condenar a invasão da Rússia enquanto busca manter relações com Moscou, um importante fornecedor de suas armas e um parceiro de longa data que vê como essencial para equilibrar seu relacionamento tenso com a China.
A Índia também atuou como uma tábua de salvação econômica para a Rússia, aumentando as compras de petróleo bruto depois que países ao redor do mundo impuseram sanções a Moscou, isolando-a economicamente.
A Índia ultrapassou a China como maior importadora mundial de petróleo russo no mês passado, de acordo com a Reuters, citando dados de fontes comerciais e industriais.
A chegada do líder indiano em Kiev — um dia antes do dia da independência da Ucrânia — segue sua viagem de dois dias à Polônia, onde ele elevou os laços da Índia com o membro do Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Referindo-se aos conflitos na Ucrânia e no Oriente Médio durante uma coletiva de imprensa em Varsóvia, Modi reiterou a posição da Índia de que “nenhum problema pode ser resolvido no campo de batalha”.
“Apoiamos o diálogo e a diplomacia para a restauração rápida da paz e da estabilidade. Para isso, a Índia, junto aos seus países amigos, está pronta para fornecer todo o suporte possível”, disse Modi na quinta-feira falando ao lado do colega polonês Donald Tusk.
Tusk elogiou a “intenção de Modi de ajudar a acabar com a guerra na Ucrânia de forma rápida, pacífica e justa”.
“Visita histórica”
A visita de Modi à Ucrânia também ocorre em um ponto de inflexão fundamental na guerra de dois anos e meio, já que as forças ucranianas lançaram no início deste mês uma ofensiva sem precedentes em território russo que Moscou está lutando para conter.
Zelensky e autoridades de Kiev estão trabalhando urgentemente para expandir o apoio global para sua fórmula de paz, que é baseada na retirada das tropas russas de suas terras.
A próxima eleição presidencial dos EUA levantou preocupações de que o apoio americano crucial poderia ser cortado se o candidato republicano Donald Trump, que tem criticado a Otan e o apoio dos EUA a Kiev, for eleito.
Durante toda a guerra, a Ucrânia tentou convencer os países que mantêm relações próximas com a Rússia — como a Índia e a China — a pressionar Putin a aceitar os termos de paz de Kiev.
Mas enquanto a Índia participou de uma cúpula internacional de paz apoiada por Kiev na Suíça em junho, ela não chegou a endossar o comunicado do encontro, dizendo que a resolução requer um “envolvimento sincero e prático entre as duas partes no conflito”.
Durante sua visita à Ucrânia, Modi deverá discutir com Zelensky o que o Ministério das Relações Exteriores da Índia descreveu como “toda a gama de relações bilaterais”, incluindo comércio, infraestrutura e defesa.
“Esta visita histórica, é claro, acontece no contexto do conflito em andamento na Ucrânia, que também fará parte das discussões”, disse a secretária do ministério para o Ocidente, Tanmaya Lal, na segunda-feira.
O gabinete presidencial ucraniano disse que Modi e Zelensky iriam “discutir questões de cooperação bilateral e multilateral” e que os documentos seriam assinados.
Autoridades de ambos os países expressaram nos últimos meses interesse em restaurar o comércio, que caiu durante a guerra, de acordo com dados anuais da Ucrânia.
Modi e Zelensky se encontraram duas vezes à margem das cúpulas do G7 desde o início da guerra, inclusive em junho na Itália.
Zelensky condenou no mês passado o encontro de Modi com Putin, que coincidiu com um ataque russo a várias cidades ucranianas e um ataque mortal a um hospital infantil.
Em seguida, o líder ucraniano descreveu o relacionamento de Modi com Putin como uma “enorme decepção e um golpe devastador para os esforços de paz ao ver o líder da maior democracia do mundo abraçar o criminoso mais sangrento do mundo em Moscou em um dia desses”.
Modi não abordou diretamente os ataques na época, mas fez o que pareceu ser alguns de seus comentários mais críticos até o momento sobre a guerra, dizendo que “qualquer pessoa que acredita na humanidade fica preocupada quando há mortes, especialmente quando crianças inocentes morrem”.
Ele também apelou a um “caminho para a paz através do diálogo”.
(Aishwarya S Iyer, Esha Mitra e Alex Stambaugh, da CNN, contribuíram para esta reportagem)
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