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Presidente da COP30 destaca importância da participação no evento global
Diante do aumento dos preços de hospedagem em Belém, no Pará, o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP30), expressou preocupação com uma possível queda no número de participantes, especialmente da sociedade civil e de representantes dos países mais pobres.
“Claramente, desejo a participação de todos, pois a ausência dos países mais pobres poderia afetar a legitimidade do evento”, afirmou na quarta-feira (6), durante audiência pública na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados para tratar dos preparativos da cúpula climática.
Delegações de vários países têm questionado a Organização das Nações Unidas para o Clima sobre os altos custos de acomodações, problema que não poupa nem as nações mais ricas.
Segundo Corrêa do Lago, é comum que os preços de hospedagem subam duas ou três vezes, mas em Belém esses valores estão até dez a quinze vezes maiores do que o normal.
Ele confirmou que o presidente da Áustria, Alexander Van der Bellen, desistiu de participar presencialmente, enviando apenas seu ministro do Clima e Proteção Ambiental, Norbert Totschnig, devido aos custos elevados.
“Um país rico afirmou que não poderia arcar com os custos dos hotéis em Belém, pois o Parlamento não autoriza despesas tão altas. Por isso, o ministro irá em vez do presidente, o que reduz os custos. Isso é realmente um fato impactante”, ressaltou.
Corrêa do Lago, também responsável por negociações climáticas, destacou que as questões estruturais e logísticas da conferência são de responsabilidade da Secretaria Extraordinária da COP30 (Secop), ligada à Casa Civil da Presidência da República.
“Minha atuação na presidência começou quando esse tema começou a impactar o conteúdo da COP. Se os países não puderem vir, isso prejudica as negociações”, destacou.
O embaixador ressaltou a necessidade de uma COP inclusiva, que contemple a sociedade civil, academia, cientistas e o setor empresarial.
A Secop e o governo do estado do Pará estão buscando soluções legais para tentar reduzir os preços abusivos, inclusive por meio de órgãos de defesa do consumidor, embora a legislação permita que os hotéis definam seus valores livremente.
Durante visita recente a Belém, o ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou que o diálogo com o setor hoteleiro tem apresentado resultados e que todas as delegações conseguirão hospedagem a tarifas justas.
Além disso, estão previstas acomodações subsidiadas para delegados de países menos desenvolvidos e pequenos estados insulares, com valores fixados entre US$ 100 e US$ 600, conforme a categoria da delegação.
Apesar disso, muitos delegados ainda solicitam valores menores, pois a ajuda de custo da ONU para esses países é de US$ 149 por dia, enquanto as tarifas de hotéis e imóveis particulares chegam a cerca de US$ 700 por noite durante a COP30.
“Estamos trabalhando intensamente para garantir a presença de todos”, afirmou o presidente da COP30.
Corrêa do Lago descartou a possibilidade de mudar a sede da conferência, ressaltando o valor simbólico de realizar o evento em uma cidade amazônica.
“Não há plano B, o plano B é Belém”, garantiu, destacando que a cidade terá um legado significativo em infraestrutura e saneamento graças aos investimentos federais para receber o evento.
Com previsão de cerca de 45 mil participantes, a organização pretende ampliar a oferta dos 18 mil leitos normalmente disponíveis em Belém, utilizando inclusive dois navios de cruzeiro como hotéis temporários, que juntos possuem aproximadamente 3,9 mil cabines e capacidade para até 6 mil leitos.
Belém também receberá três novos hotéis de alto padrão construídos por grupos internacionais. Além disso, estão sendo feitas parcerias com plataformas como Airbnb e Booking para ampliar a oferta de imóveis.

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