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Presidente de Madagascar deixa o país durante protestos da geração Z, mas mantém o cargo

Andry Rajoelina, presidente de Madagascar, declarou que saiu do país para garantir sua segurança após uma unidade militar de elite se voltar contra seu governo. Contudo, ele não renunciou ao cargo.
A declaração foi feita na noite de segunda-feira, dia 13, transmitida pela televisão estatal, em um local mantido em sigilo.
Nos últimos dias, Rajoelina enfrentava intensas manifestações motivadas pela geração Z, que ganharam espaço no sábado, 11, quando a unidade militar especial Capsat aderiu aos protestos, pedindo a saída do presidente e de seus ministros.
O governo qualificou a ação como uma tentativa ilegal de golpe, fato que levou o presidente a deixar Madagascar.
“Tive que buscar um local seguro para preservar minha vida”, afirmou Rajoelina em sua primeira aparição após o início da crise. O pronunciamento foi postergado devido a tentativas de controle da emissora estatal por soldados, conforme informado pelo gabinete presidencial.
A unidade Capsat assumiu o comando das Forças Armadas, nomeando um novo chefe militar, acordo aceito pelo ministro da Defesa durante a ausência do presidente.
O comandante da Capsat, coronel Michael Randrianirina, afirmou que o Exército respondeu às demandas do povo, negando que se tratasse de um golpe.
Rajoelina solicitou diálogo e respeito à Constituição, sem revelar seu destino. A imprensa local informou sua saída em um avião militar francês, informação não confirmada oficialmente pela França.
Madagascar, antiga colônia francesa, mantém laços históricos com o país europeu; a cidadania francesa de Rajoelina é fonte de controvérsia para parte da população.
Os protestos começaram em 25 de setembro devido a cortes frequentes de água e energia, evoluindo para um movimento amplo de contestação contra a corrupção, o alto custo de vida e a falta de acesso à educação. Segundo a ONU, ao menos 22 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas.
Esta é a crise mais grave desde 2009, quando Rajoelina chegou ao poder com o apoio da Capsat após derrubar o ex-presidente Marc Ravalomanana com um golpe militar. Ele foi eleito em 2018 e reeleito em 2023 em eleições boicotadas pela oposição.
Em meio a essa situação, a Embaixada dos EUA em Antananarivo recomendou que cidadãos americanos fiquem em segurança, descrevendo o ambiente como altamente volátil e imprevisível. A União Africana apelou por calma e contenção de todas as partes.
O ex-primeiro-ministro, aliado próximo de Rajoelina, também deixou Madagascar, chegando à ilha de Maurício no domingo à madrugada. O governo local confirmou a chegada de um avião com o grupo, mas expressou insatisfação com a situação.

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