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Presidente de ONG investigada era motorista antes de assumir cargo

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A Associação dos Aposentados do Brasil (AAB), uma das organizações sob investigação no caso conhecido como a farra do INSS, tem como presidente o motorista Dogival José dos Santos. Em 2023, ele assinou um acordo de cooperação entre a AAB e o INSS e foi posteriormente convocado para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do INSS (CPMI), que investiga fraudes.

Em um processo judicial acessado pelo Metrópoles, Dogival requereu ao INSS, em 2017, aposentadoria compulsória devido a uma hérnia de disco. Ele afirmou trabalhar como motorista, exercer atividades braçais, possuir ensino médio completo e ter idade avançada. O benefício foi concedido e ele agora busca atualização no valor da aposentadoria.

Além das investigações na Justiça Federal, Dogival está sendo objeto da CPMI, onde foi solicitada abertura dos seus sigilos bancário e fiscal, assim como os de sua esposa, que também é sócia da AAB.

Dogival também preside uma igreja, a Crusada Nacional de Evangelismo, registrada com ‘S’ em vez de ‘Z’, e conhecida como ‘Primeira Igreja Pentecostal Cristo a Esperança’, localizada em Ceilândia.

Outra pessoa ligada à AAB é Lucineide dos Santos Oliveira, presidente da Igreja Evangélica Pentecostal Ministério Visão de Deus, situada no Recanto das Emas. Ela também possui várias empresas no mesmo endereço, incluindo negócios de comércio varejista e locação de veículos.

Estas empresas compartilham endereço com outras pertencentes a Samuel Chrisostomo do Bomfim Junior, contador da Confederação Nacional dos Agricultores e Empreendedores Familiares (Conafer), outra entidade envolvida nas fraude do INSS, indicando possível uso de empresas fantasma.

Também associada à Conafer está Cícero Marcelino de Souza Santos, que mantém empresas no mesmo local e admitiu durante depoimento que abriu empresas para prestar serviços a pedido do presidente da Conafer, Carlos Roberto Ferreira Lopes. Apesar das suspeitas, Cícero nega conhecer Samuel Chrisostomo e de onde vêm os recursos para a Conafer, embora tenha movimentado cerca de R$ 300 milhões desde 2019.

A CPMI apontou as empresas ligadas a Cícero como fictícias, usadas para beneficiar dirigentes e seus familiares.

A Conafer promove o Programa +Previdência Brasil, que divulga informações sobre previdência e o INSS Digital, afirmando não cobrar por seus serviços e não se beneficiar financeiramente dos associados. Todavia, a Controladoria-Geral da União (CGU) identificou que muitas pessoas tiveram descontos indevidos em seus pagamentos relacionados à Conafer, sem consentimento.

A AAB também foi acusada pela CGU de solicitar descontos em benefícios de pessoas já falecidas há décadas, como o caso de Jaime dos Santos, falecido em 2002, mas com desconto solicitado em 2024. Tais fatos sugerem tentativas de burlar controles públicos e indicam possível fraude.

O Metrópoles tentou contato com os envolvidos, mas não obteve respostas até o momento, permanecendo aberto para manifestações futuras.

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