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Princesa surpreende ao entrar em disputa eleitoral na Tailândia

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A princesa Ubolratana Rajakanya disputará o cargo de primeira-ministra no governo civil que será formado após as eleições legislativas de 24 de março

Tailândia: Nenhum membro da família real nunca disputou o cargo de chefe de governo (Christian Hartmann/Reuters)

A princesa Ubolratana, irmã do rei da Tailândia, provocou um terremoto político ao anunciar, nesta sexta-feira (8), que será candidata a primeira-ministra nas eleições de março, nas quais terá como rival o comandante da junta militar que governa o país.

A inesperada candidatura da princesa abre um novo cenário político na Tailândia, um país até agora controlado com mão de ferro pelos militares.

Este partido é tutelado por Thaksin Shinawatra, bilionário e ex-premier no exílio, odiado pelo Exército, mas muito popular entre a população de baixa renda.

Shinawatra, um reformista, sempre foi visto pela velha Guarda Real e pelos militares como uma ameaça à monarquia. A situação motivou dois golpes de Estado militares contra seus governos, em 2006 e 2014.

Desde o último golpe militar, liderado por generais próximos ao rei Bhumibol Adulyadej, o monarca faleceu e foi substituído por seu filho Maha Vajiralongkorn.

A candidatura da irmã do rei – que segundo os analistas consultados não poderia ter sido decidida sem a aprovação do palácio – é, portanto, um sinal de ruptura sem precedentes com a velha guarda da época Bhumibol.

Nenhum membro da família real disputou o cargo de chefe de Governo desde que a Tailândia se tornou uma monarquia constitucional em 1932.

Candidatura inesperada

Princesa Ubolratana quer participar das eleições na Tailãndia

Após o anúncio da princesa, o comandante da junta que governa o país, Prayut Chan-O-Cha, também anunciou que disputará o cargo, em uma tentativa dos militares de manter sua influência quatro anos após o golpe.

“Decidi aceitar o convite do Phalang Pracharat de apresentar meu nome ao Parlamento para ser nomeado primeiro-ministro”, disse Prayut, em referência ao partido pró-militar fundado em 2018.

Prayut Chan-o-Cha e a princesa Ubolratana serão adversários nas eleições, as primeiras no país desde 2011 e que prometem uma grande disputa.

Ele lidera a junta militar há quase cinco anos. O regime aprovou uma nova Constituição para redefinir o panorama político e garantir que os militares controlem o poder após as eleições.

Sob o comando de Prayut, os militares se apresentaram como os protetores da monarquia. A entrada da princesa Ubolratana no cenário político, ainda mais pelas mãos do grande inimigo da junta, questiona este argumento.

“É algo inédito. Se (a princesa) virar primeira-ministra, o povo poderá tratá-la como simples plebeia? Quem se atreveria a criticar uma primeira-ministra da realeza?”, questiona Puangthong Pawakapan, professora de Ciência Política na Universidade Chulalongkorn, de Bangcoc.

De fato, a família real na Tailândia é protegida por uma lei draconiana para impedir qualquer crime de lesa-majestade. Legalmente, as irmãs do rei não são cobertas por esta lei, mas ninguém se atreve a criticá-las por medo de uma pena de prisão de vários anos.

Ubolratana, uma personalidade extrovertida que contrasta com a do irmão, o rei Maha Vajiralongkorn, mais discreto, renunciou a seus títulos reais ao casar com um americano há algumas décadas.

Após o divórcio do casal, no entanto, ela retornou à Tailândia e ainda é considerada parte da família real.

Excelente atleta, além de atriz e cantora esporádica, a princesa havia demonstrado até agora pouco interesse pelo mundo político, dedicando boa parte do seu tempo à divulgação do cinema tailandês em festivais ao redor do mundo.

Fonte Exame

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