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Procuradores voltam à Suíça atrás de dinheiro desviado da Petrobras
Os procuradores do Ministério Público Federal (MPF), que participam da força-tarefa da Operação Lava Jato, desembarcam na Suíça nesta segunda-feira (19). O objetivo da viagem é analisar documentos do Ministério Público daquele país com informações sobre contas bancárias ligadas a acusados de envolvimento em crimes como desvio de recursos da Petrobras, corrupção e lavagem de dinheiro.
Essa é a segunda vez que os procuradores vão para a Europa. Em novembro, depois de dois dias analisando os documentos obtidos pelo Ministério Público da Suíça, os procuradores brasileiros contaram que a investigação feita é bastante ampla e pode alcançar pessoas que eles nem imaginavam que existissem e que a intenção é cruzar os dados obtidos pelos dois países.
“Basicamente o que nós temos é uma investigação aqui e outra no Brasil, que não são exatamente paralelas. O que nós estamos tentando ver é se nós temos informações que podemos trocar para que as investigações possam convergir para um caminho interessante para ambos os países”, disse, à época, o procurador Eduardo Pellela.
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, é um dos acusados de participação do esquema que, segundo a Polícia Federal, desviou bilhões de reais da estatal. É sabido que ele tem cerca de US$ 27 milhões depositados na Suíça.
As investigações também querem identificar, por exemplo, movimentações financeiras ligadas a Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano. Dos três, apenas Fernando Baiano segue preso da carceragem da Polícia Federal, em Curitiba.
Além destes, de acordo com a delação premiada de Júlio Camargo, executivo da Toyo Setal, uma das fornecedoras da Petrobras, o engenheiro Pedro José Barusco Filho, que era o braço direito de Renato Duque também tem conta no exterior. Ele, inclusive, aceitou devolver aos cofres públicos: mais de R$ 250 milhões.
Existe a suspeita de que réus nas ações oriundas da Operação Lava Jato possam ter dinheiro em contas também no Uruguai e nos Estados Unidos.
Deflagrada em 17 de março de 2014 pela Polícia Federal (PF), a operação Lava Jato desmontou um esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas que, segundo as autoridades policiais, movimentou cerca de R$ 10 bilhões. De acordo com a PF, as investigações identificaram um grupo brasileiro especializado no mercado clandestino de câmbio.
A Petrobras está no centro das investigações da operação, que apontou dirigentes da estatal envolvidos no pagamento de propina a políticos e executivos de empresas que firmaram contratos com a petroleira.
Entre os delitos cometidos por supostos “clientes” do esquema de movimentação ilegal de dinheiro estão tráfico internacional de drogas, corrupção de agentes públicos, sonegação fiscal, evasão de divisas, extração, contrabando de pedras preciosas e desvios de recursos públicos.
Onde
A Lava Jato expediu mandados de prisão e de busca e apreensão em Curitiba (PR) e outras 16 cidades paranaenses, só na primeira fase da operação, em março. Os agentes federais também cumpriram ordens judiciais em outras seis unidades da federação: São Paulo, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Na etapa de novembro da operação, houve mandados de prisão, busca e apreensão e ações coercitivas no Paraná, em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais, em Pernambuco e no Distrito Federal.
Presos
A operação Lava Jato já levou à prisão do doleiro Alberto Youssef, que foi apontado como chefe do esquema de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Também foi preso, na etapa inicial da operação, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa. Ele é investigado devido à compra, pela estatal, da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), sob suspeita de superfaturamento.
Em novembro do ano passado, quase oito meses a pós a deflagração da operação, mais de 20 pessoas foram presas, incluindo o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque. A maior parte dos presos nesta etapa da Lava Jato são executivos de empreiteiras que possuem contratos firmados com a Petrobras.
Na lista dos que já foram presos em outras etapas da operação também estão, por exemplo, pessoas que seriam subordinadas a Alberto Youssef, responsáveis por gerenciar o dinheiro do doleiro.
O último investigado a ser preso pela Polícia Federal foi o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró. Ele foi preso após voltar de uma viagem a Londres e foi levado para a Superintendência da PF em Curitiba.
Petrobras
As investigações da PF revelaram uma suposta ligação entre o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa com o esquema de lavagem de dinheiro comandado pelo doleiro Alberto Yousseff. Costa admitiu à polícia que recebeu um carro de luxo avaliado em R$ 250 mil do doleiro, mas alegou que o veículo foi dado em pagamento por um serviço de consultoria. Costa disse que já estava aposentado da Petrobras à época do recebimento do carro. No entanto, ele reconheceu que conhecia Youssef do período em que ainda estava na estatal brasileira. Costa foi preso em 20 de março enquanto destruia documentos que podem servir como provas no inquérito.
Em outubro, ao prestar depoimentos à Justiça Federal, Costa revelou o esquema de pagamento de propina na Petrobras que, segundo ele, era cobrada de fornecedores da estatal e direcionada para atender a PT, PMDB e PP. Os recursos teriam sido usados na campanha eleitoral de 2010. Os partidos negam. Segundo Costa, as diretorias comandadas pelos três partidos recolhiam propinas de 3% de todos os contratos.
Segundo o ex-diretor, a operação teve início em 2006, quando, segundo ele, se formou um cartel entre grandes empreiteiras para prestação de serviços à Petrobras e para obras de infraestrutura, como a construção de hidrelétricas e aeroportos. Em outubro, Costa teve acordo de delação premiada homologado pela Justiça, o que pode contribuir para a redução de sua pena em caso de condenação.
Em dezembro, o Supremo Tribunal Federal homologou acordo de delação premiada do doleiro Aberto Youssef, que, assim como Costa, tem prestado depoimentos à Justiça federal e dado informações sobre quem participava do esquema dentro de partidos.
Fonte: G1
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