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Projeto inovador na UnB para látex sem alergia está parado por falta de verba

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Pesquisadores da Universidade de Brasília (UnB) criaram uma tecnologia inédita no mundo para produzir materiais hipoalergênicos com base em látex. Essa inovação tem grande potencial para uso em produtos médicos, como camisinhas, luvas cirúrgicas e cateteres. O projeto, chamado Látex-Tan, está parado desde o final do ano passado devido à falta de recursos financeiros da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), sem previsão para voltar.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 145 milhões de pessoas no mundo têm alergia ao látex. Para resolver esse problema, o Instituto de Química da UnB desenvolveu um método inovador para produzir látex que não causa alergia.

O produto é feito usando tanino extraído da casca da árvore Acácia-negra, que substitui a amônia no tratamento do látex natural da borracha. O tanino bloqueia as proteínas que provocam alergias, tornando os produtos mais seguros e resistentes. Esta tecnologia foi patenteada pela UnB no Brasil e em outros países.

O projeto teve início com as pesquisas de doutorado de Floriano Pastore em 2013 e avançou com o apoio de pesquisas de mestrado e doutorado, além da parceria com a empresa Tanac, produtora de extratos vegetais. Em 2023, uma micro fábrica foi instalada no Laboratório de Tecnologias de Borracha para a Amazônia (Tecbor), ao lado do Hospital Veterinário da UnB, onde são produzidas as luvas de látex com proteção do tanino para testes em escala industrial.

Infelizmente, o corte de cerca de R$ 45 milhões no orçamento da FAPDF para 2025 compromete dezenas de projetos, incluindo o Látex-Tan. A redução do orçamento da fundação, que depende de uma porcentagem da Receita Corrente Líquida do governo local, afeta o funcionamento de laboratórios, concessão de bolsas a estudantes e pesquisadores, e a produção científica de modo geral.

O projeto em questão estava previsto para receber R$ 809 mil em 2025 e tinha planos para implementar um seringal modelo para aumentar a produtividade das luvas em até 40%. Contudo, a falta de repasse financeiro resultou na paralisação da produção, especialmente porque o projeto depende da safra do látex, que é sazonal.

Fernando Oliveira Paulino, representante da UnB no Conselho da FAPDF, ressaltou que a prorrogação do edital até setembro de 2026 dá esperança para a recomposição do orçamento e o retorno dos recursos para execução dos projetos.

Além do impacto direto no Látex-Tan, o corte na verba da FAPDF comprometem toda a comunidade científica local, ameaçando a continuidade de pesquisas importantes, geração de empregos, e a inovação tecnológica na região.

Um projeto de lei será votado na Câmara Legislativa do Distrito Federal para garantir a recomposição orçamentária da FAPDF ao percentual mínimo previsto em lei, protegendo assim as pesquisas e o desenvolvimento científico no Distrito Federal.

A recomposição é vital para manter a pesquisa funcionando, possibilitando que a ciência continue a trazer benefícios para a população a curto, médio e longo prazo.

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