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Projeto mundial para recuperar terras degradadas pode gerar US$ 400 bilhões
O Brasil, em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), lança na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30) uma iniciativa global para restaurar áreas degradadas. Denominado RAIZ (Resilient Agriculture Investment for Net Zero Land Degradation), o programa visa atrair investimentos para transformar terras agrícolas degradadas em várias nações em áreas produtivas.
O projeto tem potencial para captar cerca de US$ 400 bilhões destinados à recuperação de 300 milhões de hectares em um prazo de dez anos, conforme informações internas do processo de negociação.
No Brasil, a iniciativa é conduzida pelo Ministério da Agricultura e Pecuária, com suporte dos Ministérios do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar (MDA), da Pesca e Aquicultura, e do Meio Ambiente (MMA). A apresentação oficial ocorrerá às 10h30 na BlueZone pela Presidência da COP30 e a FAO, no contexto da ONU.
O Brasil apresentará o modelo do Programa Caminho Verde Brasil, cujo objetivo é restaurar 40 milhões de hectares de pastagens danificadas ao longo de uma década. Uma fonte participante da elaboração da iniciativa destaca: “O intuito é que o Brasil leve o modelo e as tecnologias adotadas para outros países, ajustando conforme a realidade local. É uma iniciativa transformadora”.
Dados da FAO indicam que das 850 milhões de hectares de pastagens globais, aproximadamente 30% estão degradadas. Já existem propostas para implementar a RAIZ em países do Oriente Médio, Ásia e África.
Os investimentos virão tanto do setor privado quanto público, incluindo organismos multilaterais, bancos de fomento e fundos de pensão, somados a capital privado. Países do BRICS, Arábia Saudita, China e Índia manifestaram interesse imediato em aderir ao RAIZ.
Segundo uma fonte: “A Índia possui 130 milhões de hectares de pastagens degradadas, de um total de 330 milhões, enquanto o Brasil tem cerca de 80 milhões de hectares para recuperar. Isso representa um enorme potencial”.
A FAO e o governo brasileiro definem o RAIZ como um esforço global para impulsionar investimentos em uma agricultura resiliente e recuperação de terras agrícolas. Conforme o documento oficial, a degradação do solo é um dos principais desafios atuais, prejudicando a segurança alimentar, diminuindo a biodiversidade e agravando as mudanças climáticas. Além disso, mais de 30% das terras agrícolas mundiais estão degradadas, tornando a restauração uma prioridade em todas as convenções climáticas.
FAO e Presidência da COP ressaltam no documento: “É necessário ampliar rapidamente os financiamentos para cumprir esses compromissos globais e obter benefícios climáticos, ambientais e alimentares significativos”.
O RAIZ será focado no diagnóstico de áreas com potencial para recuperação, estimulará projetos em larga escala e facilitará o financiamento combinado (blended finance) para ações de restauração.
Ao integrar metas de segurança alimentar, clima, biodiversidade e saúde do solo, o RAIZ pretende unir esforços e parcerias globais para fomentar uma agricultura sustentável e capaz de resistir às mudanças climáticas. A Presidência da COP30 espera que essa iniciativa ganhe apoio político como um legado da conferência para a restauração de terras agrícolas, levando ao anúncio de investimentos e compromissos por parte de governos, bancos multilaterais e setor privado.

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