Economia
Quase um terço das famílias no Brasil não tem máquina de lavar
Embora o percentual de residências com máquinas de lavar roupa tenha atingido seu pico em 2024, chegando a 70,4%, quase um terço das famílias brasileiras ainda dependem de lavar roupas manualmente, usar tanquinhos ou recorrer a lavanderias. Esses dados são da Pnad Contínua de Características gerais dos domicílios e moradores, publicados pelo IBGE nesta sexta-feira.
Desde 2016, quando 63% das famílias possuíam o eletrodoméstico, houve um aumento de 7,4 pontos percentuais. Contudo, o avanço em relação ao ano anterior foi menos significativo, com um aumento de apenas um ponto percentual.
A situação é ainda mais crítica em algumas regiões. No Nordeste, somente 40,5% dos lares têm máquina de lavar, menos da metade. No Norte, a taxa é de 55,4%.
No Sul, quase 90% das famílias possuem o equipamento, enquanto Sudeste e Centro-oeste apresentam índices próximos, com 82,3% e 81,5% respectivamente.
William Kratochwill, analista do IBGE, esclarece que a posse de bens está ligada à renda e ao poder aquisitivo. Conforme estes aumentam, as famílias tendem a adquirir mais bens. Segundo ele, o crescimento do número de residências com máquinas de lavar em 2024 reflete o aumento do rendimento médio da população observado no último ano.
“Quando a família tem uma renda maior, ela busca mais conforto. A máquina de lavar é um item que facilita a rotina, economizando tempo que pode ser dedicado à família. Nas regiões de menor renda, historicamente há menos presença desse eletrodoméstico”, comenta.
Mesmo com aumento da renda média, a aquisição de uma máquina de lavar nova ainda é inacessível para muitos brasileiros. Amanda Lopes, jornalista de 24 anos, ficou sem máquina desde 2022. Morando com três amigos em um apartamento na Tijuca, Zona Norte do Rio de Janeiro, ela optava por lavanderias ou lavar roupas manualmente após sair da casa dos pais.
“Sempre ficávamos atentos a ofertas no Marketplace e em lojas como Casas Bahia e Ponto Frio, mas os preços nunca eram atrativos. Quando achávamos máquinas usadas mais baratas, ficávamos receosos com o funcionamento e o custo do frete era alto”, relata.
A máquina finalmente foi comprada em julho deste ano, quando uma amiga vendeu sua máquina usada por R$ 250.
“Ela nos passou todas as informações, enviou vídeo da máquina funcionando. Dividimos o valor em quatro, o que ficou acessível para todos, mesmo com o frete”, conta. Ela acrescenta: “Comprar uma nova era inviável, pois as mais baratas custam pelo menos mil reais. Mesmo dividindo entre nós, o valor era alto, e em alguns meses algum de nós não conseguiria pagar devido a dificuldades financeiras.”

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