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Economia

Queda do IPCA e rejeição da MP do IOF baixam juros futuros

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A inesperada redução do IPCA em setembro manteve a forte queda nos juros futuros negociados na B3 nesta quinta-feira, mesmo com a valorização do dólar e o aumento no retorno dos Treasuries. A rejeição da Medida Provisória (MP) 1303, que visava alterar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), também contribuiu para o alívio nos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) hoje.

Essa decisão indica não apenas uma maior coesão da oposição ao governo e o enfraquecimento do Executivo, mas também é positiva ao evitar mudanças que poderiam gerar distorções no mercado, como a uniformização da alíquota do Imposto de Renda (IR) para títulos de renda fixa públicos e privados a 18%.

Nos ajustes finais, a taxa do DI para janeiro de 2027 caiu de 14,098% para 14,027%. Para janeiro de 2028, a taxa diminuiu de 13,500% para 13,395%. Para janeiro de 2029, houve queda de 13,440% para 13,340%, e para janeiro de 2031, a taxa recuou de 13,667% para 13,595%.

Divulgado pelo IBGE, o IPCA apresentou deflação de 0,11% em agosto e alta de 0,48% em setembro, reversão esperada após o fim do desconto pontual do bônus de Itaipu nas tarifas residenciais de eletricidade. Apesar disso, o índice total ficou abaixo da mediana das estimativas do Projeções Broadcast, de 0,52%, beneficiado pela valorização do câmbio e pela melhora na dinâmica dos produtos industriais e serviços, o que foi bem recebido pelo mercado.

O grupo de serviços, diretamente ligado ao mercado de trabalho e essencial para as decisões do Banco Central, desacelerou de 0,39% para 0,13% na variação mensal. O núcleo de serviços subjacentes, que inclui itens mais ligados à atividade econômica, teve alta de apenas 0,03% em setembro, comparado a 0,34% em agosto. Em 12 meses, a inflação total de serviços e seu núcleo permanecem elevados, em 6,14% e 6,76%, respectivamente.

Flávio Serrano, economista-chefe do banco BMG, ressalta que tanto os serviços subjacentes quanto os serviços intensivos em mão de obra ficaram abaixo das expectativas no mês, com este último segmento reduzindo sua alta de 0,65% em agosto para 0,35% no mês seguinte. Em 12 meses, passou de 6,28% para 6,30%. Para Serrano, a melhora nos componentes qualitativos do IPCA explica a mudança na precificação da curva de juros, que agora indica 55% de chance de corte de 0,25 ponto percentual na Selic em janeiro de 2026, contra 48% no dia anterior. A taxa projetada para o final do ano que vem caiu de 13,05% para 12,90%.

Carlos Lopes, economista do BV, também destaca a redução dos preços dos bens industriais, que tiveram alta de apenas 0,06% em setembro, depois de 0,20% em agosto, e a queda de 0,26% em alimentação e bebidas, segunda deflação consecutiva nesse grupo. Com o IPCA acumulando 5,17% nos últimos 12 meses, o indicador permanece alto para o Banco Central considerar corte de juros ainda neste ano, mas os dados sinalizam uma convergência para a meta. Segundo Lopes, "Se tudo evoluir conforme o esperado, a desinflação permitirá um corte dos juros no início do primeiro trimestre de 2026."

Além da melhora qualitativa dos dados recentes de inflação, Andrea Damico, economista-chefe e fundadora da Buysidebrazil, aponta que a rejeição da MP 1303 também contribuiu para a queda dos juros futuros mais longos hoje. O mercado viu com bons olhos o fim da unificação da alíquota de títulos de renda fixa, além de haver um componente político positivo, pois há uma percepção de vitória e maior organização da oposição.

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