Economia
Queda nas exportações de alimentos em agosto por tarifas dos EUA

O balanço feito pela Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (ABIA) mostrou que houve uma redução de US$ 300 milhões nas exportações de alimentos industrializados em agosto, o que representa uma diminuição de 4,8% em relação a julho.
Segundo o estudo, o total exportado no mês foi de US$ 5,9 bilhões. Desse valor, US$ 332,7 milhões foram destinados aos Estados Unidos, refletindo uma queda de 27,7% em comparação a julho e 19,9% em relação a agosto de 2024.
Esse resultado é consequência do aumento das tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros, além da antecipação das exportações em julho, antes da imposição das novas taxas.
Em julho, os Estados Unidos tinham comprado US$ 460,1 milhões em alimentos industrializados do Brasil.
Os produtos que mais sofreram impacto nesse mercado foram açúcares, com uma redução de 69,5% em agosto frente a julho, proteínas animais com queda de 45,8%, e preparações alimentícias, que tiveram retração de 37,5%.
Segundo João Dornellas, presidente executivo da ABIA, o desempenho nos últimos dois meses mostra uma mudança clara: um crescimento significativo em julho seguido de uma adaptação em agosto, especialmente nos EUA, onde a nova tarifa teve efeito, enquanto a China ampliou sua importância como parceiro comercial. Ele enfatiza que a queda observada indica a necessidade do Brasil de diversificar seus mercados e melhorar sua capacidade de negociação.
Enquanto as vendas para os EUA diminuíram, houve um aumento considerável nas exportações para o México, que comprou um total de US$ 221,15 milhões (equivalente a 3,8% do total), com destaque para proteínas animais.
A nota da associação comenta que o crescimento das importações pelo México, que ocorreu paralelamente à queda nas vendas aos EUA, pode indicar uma mudança nos fluxos comerciais e a abertura de novas rotas, mas ainda é necessário acompanhar para entender se essa é uma tendência estrutural ou apenas temporária.
Em agosto, os compradores mexicanos adquiriram 43% a mais de produtos brasileiros, sendo o mercado que mais aumentou sua participação no período.
A expectativa é que o efeito mais significativo dessa situação apareça no acumulado do ano. A ABIA estima que, entre agosto e dezembro, as vendas de alimentos atingidos pela tarifa para os EUA possam cair até 80%, com uma perda acumulada de US$ 1,351 bilhão.
China
A China, que é a maior compradora de alimentos industrializados do Brasil, comprou US$ 1,32 bilhão em produtos em agosto, um aumento de 10,9% em relação a julho e de 51% comparado a agosto de 2024. A participação chinesa corresponde a 22,4% do total exportado no mês.
O mercado externo representa 28% do faturamento do setor alimentício brasileiro.
Por outro lado, os países da Liga Árabe reduziram suas compras em 5,2% em agosto, totalizando US$ 838,4 milhões. A União Europeia importou US$ 657 milhões em alimentos no mesmo período, o que significa uma queda de 14,8% em relação a julho e de 24,6% comparado a agosto de 2024.
De janeiro a julho de 2025, o total das exportações foi de US$ 36,44 bilhões, uma leve queda de 0,3% em relação a 2024, principalmente devido à diminuição da produção de açúcar na entressafra.
Suco de laranja
O segmento de suco de laranja, que não sofreu tarifas, teve um crescimento de 6,8% em agosto comparado ao mesmo mês do ano anterior, embora tenha registrado uma queda de 11% em relação a julho, devido à antecipação dos embarques.
Empregos no setor
A indústria de alimentos contava em julho com 2,114 milhões de empregos formais diretos. No comparativo anual, entre julho de 2024 e julho de 2025, foram criadas 67,1 mil novas vagas, um crescimento de 3,3%.
Em 2025, foram gerados 39,7 mil empregos diretos no setor, além de 159 mil postos na cadeia produtiva, envolvendo áreas como agricultura, pecuária, embalagens, máquinas e equipamentos.

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