Economia
Queda no financiamento de obras ameaça lançamentos imobiliários, alerta Cbic

O crédito direcionado para a construção de imóveis apresentou uma redução significativa de 62,9% nos primeiros cinco meses de 2025 em comparação ao mesmo período do ano anterior, conforme dados divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) nesta segunda-feira.
De acordo com a Cbic, o número de unidades habitacionais financiadas por meio do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) caiu de 65,1 mil para 24,1 mil em um intervalo de um ano.
O valor financiado também teve uma diminuição expressiva, de 54,1%, passando de R$ 15,5 bilhões para R$ 7,1 bilhões.
A Cbic atribui essa queda a vários fatores econômicos, como juros altos, inflação persistente e incertezas fiscais.
A SBPE é responsável por financiar o crédito para a produção de imóveis. Essa diminuição ocorre num momento em que a taxa básica de juros, a Selic, está elevada, em 15%.
Espera-se que o Comitê de Políticas Monetárias (Copom) do Banco Central mantenha a Selic nesse patamar na reunião desta quarta-feira.
A economista-chefe da Cbic, Ieda Vasconcelos, destacou que o custo geral da construção civil, incluindo insumos e mão de obra, tem crescido acima da inflação nos últimos anos.
Essa realidade faz com que os bancos prefiram conceder financiamentos para imóveis prontos, em vez de para a construção.
— O aumento dos custos ocorre desde 2020. A construção subiu mais de 54,41%, enquanto a inflação foi de 37,5% nesse período — explicou a economista em coletiva.
Mesmo com esses desafios, o setor está em um bom momento, superando 3 milhões de empregos formais pela primeira vez desde 2014. A previsão é de que a construção mantenha o ritmo do primeiro semestre e registre crescimento de 2,3% em 2025.
Ieda Vasconcelos ressalta, porém, que essa perspectiva baseia-se principalmente em projetos já firmados para este ano.
— Estamos sentindo o impacto dos lançamentos dos últimos dois anos (2023 e 2024). Caso os juros elevados continuem, a desaceleração pode ser mais marcada a partir de 2026 — alertou.
O estudo divulgado alerta para o impacto nos novos lançamentos. Apesar das expectativas ainda serem positivas, os números de novos projetos e serviços atingiram em julho o segundo menor índice do ano, o que preocupa especialmente a médio e longo prazo.
A Cbic destaca a necessidade de novos investimentos para assegurar um crescimento contínuo e sustentado na construção civil.

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