Quem é o advogado do Rumble que falou com Bolsonaro sobre ações contra Moraes

A Polícia Federal investigou e indiciou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por coação durante um processo. A investigação revelou diálogos entre o ex-presidente e o advogado americano Emiliano Martin de Luca, representante das empresas Rumble e Trump Media, em uma ação civil movida na Justiça Federal da Flórida contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Nas mensagens interceptadas, Martin de Luca enviou a Bolsonaro uma cópia de um documento do processo movido contra o ministro. Além disso, Bolsonaro buscou orientação sobre como agir após a imposição, pelo presidente dos EUA, Donald Trump, de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros.

Martin de Luca tem formação acadêmica em Belas Artes, Ciências Políticas e Estudos do Leste Europeu pela Universidade Rutgers, e em Direito pela Universidade Fordham. É sócio do escritório Boies Schiller Flexner, reconhecido por litígios internacionais e atendimento a clientes de alto perfil.

O curso de Direito nos EUA é uma pós-graduação e requer um bacharelado anterior, diferenciação importante já que o título concedido é ‘juris doctor’, não equivalente a um doutorado brasileiro.

Na ação contra Alexandre de Moraes, De Luca atua em defesa das empresas Rumble e Trump Media, alegando violação das leis americanas referentes à liberdade de expressão. Essas empresas solicitam que a Justiça dos EUA considere inválidas as ordens do ministro para remoção de conteúdos e contas na plataforma Rumble.

A Rumble é uma plataforma similar ao YouTube que se propõe a ser resistente à cultura do cancelamento, atraindo produtores de conteúdo que tiveram restrições em outras redes. No Brasil, a plataforma descumpriu determinações judiciais e não indicou representante legal, levando à proibição de operar no país.

Diálogos interceptados mostraram que em julho Bolsonaro compartilhou com De Luca suas postagens sobre o aumento das tarifas americanas e solicitou orientações para se posicionar publicamente. De Luca respondeu oferecendo ajuda, e enviou uma petição judicial referente ao processo contra Alexandre de Moraes nos EUA.

Para a Polícia Federal, o envio da petição naquele momento revela possível desvio de finalidade no processo judicial contra o ministro no exterior, com a intenção de pressionar membros da Suprema Corte brasileira.

A investigação indicou que as ações conjuntas entre Bolsonaro e o grupo estrangeiro buscavam apoio para objetivos pessoais e ações ilegais de coação.

De Luca, por sua vez, declarou que as conversas são parte de correspondência profissional comum e negou qualquer subordinação ou conotação conspiratória, ressaltando que sua atuação é transparente e profissional.