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Recesso em Brasília tem trânsito intenso e movimento crescente no aeroporto

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Vias desertas não são mais a realidade do DF em dezembro; além disso, mais de 300 mil pessoas desembarcam no aeroporto e o comércio celebra clientes que ficam na cidade para as festas

O setor de comércio e serviços é o que mais cresce nesta época do ano, impulsionado principalmente pelas vendas para o Natal. Restaurantes também comemoram o aumento na demanda em razão de confraternizações

O setor de comércio e serviços é o que mais cresce nesta época do ano, impulsionado principalmente pelas vendas para o Natal. Restaurantes também comemoram o aumento na demanda em razão de confraternizações

Em mais de 50 anos, Brasília se ergueu do barro do Planalto Central para se tornar um dos principais centros urbanos do país. As vias e calçadas onde, naqueles primeiros anos de criação, trafegavam poucos carros e andavam alguns pedestres hoje amanhecem repletas, no mesmo compasso das grandes capitais. Durante o recesso de fim de ano, esse movimento começa a diminuir, mas a cidade ainda sustenta um bom público para atividades ao ar livre, celebrações de Natal e de ano-novo e trabalhadores que atuam em empresas públicas e privadas, mesmo os que operam em sistema de escala. O comércio é o setor que mais lucra com isso, e nem os hotéis sentem uma queda brusca nas reservas.
“Passou o tempo que Brasília ficava jogada às moscas no mês de janeiro”, garante o presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares de Brasília (Sindhobar-DF), Jael Antônio da Silva. Apesar de a taxa de ocupação dos hotéis costumar cair aos cerca de 10%, comparados aos habituais 55%, resultado dos recessos parlamentar e do Judiciário, o segmento de bares e restaurantes compensa a perda. “Nessa época, o incremento fica entre 8% e 10%, com as confraternizações que se sucedem”, afirma Silva. Ele ainda avalia que, no mês de janeiro, as pessoas estão viajando menos do que há 10 anos. “A cidade não para, e quem fica tem mais tempo para o happy hour ou para uma boa refeição.”
Essa é a mesma avaliação feita pelo servidor do Poder Judiciário Gilmar Rodrigues da Silva, 59 anos, que mora na capital há quase 40 anos. “Me parece que pouca gente optou por viajar. Os shoppings continuam cheios e o trânsito ainda muito congestionado”, afirma. Ele mesmo vai passar todo o recesso em casa. A família se preparou para receber o filho, que mora na Alemanha e veio celebrar o fim do ano em Brasília.
Assim como a frota de ônibus, a de carros registra redução de cerca de 40% neste mês. De acordo com o Departamento de Trânsito (Detran-DF), a estimativa foi feita com base na lotação de estacionamentos públicos e vias do DF. O movimento reduzido, no entanto, não foi suficiente para parar a cidade. A Inframerica estima que mais de 300 mil pessoas devam desembarcar em voos domésticos no Aeroporto Internacional de Brasília em dezembro. Em novembro, foram 402 mil. Mesmo em número menor, são esses turistas que impulsionam pequenas empresas, como a de Cláudio Oliveira, 45, dono de uma loja de lembranças em um shopping da capital. “Meu faturamento cresce até 60%, porque os turistas que vêm passar as festas de fim de ano na cidade gostam de levar recordações da viagem, e isso me ajuda a segurar as pontas nesse período de recesso”, diz.

Quem mais ganha

O professor de economia da Universidade de Brasília (UnB) Jorge Arbache reforça que o setor de comércio e serviços é o que mais lucra durante o recesso na capital, tanto com contratações quanto com vendas. E é esse crescimento que acaba compensando as perdas nas demais atividades. Arbache lembra que parte significativa do Produto Interno Bruto (PIB) do Distrito Federal está vinculado à administração pública. “Como não há preço de mercado para o que é produzido pela administração pública, é difícil quantificar as perdas”, explica o professor. Por outro lado, ele destaca que, se os funcionários públicos não estão trabalhando, o lado positivo é que essas pessoas têm mais tempo para ir às compras.
Menos otimista, o também professor de Economia da UnB José Matias-Pereira avalia que 2016 vai registrar o pior desempenho econômico dos últimos 15 anos. “O consumidor está com enorme desconfiança e mais cauteloso antes de decidir gastar”, afirma. Ele pontua que a corrida às compras característica desta época do ano está bem abaixo do esperado.
No entanto, esse é sem dúvida, o setor que mais ganha com os recessos de fim de ano. Segundo pesquisa do Instituto Fecomércio, a expectativa é de alta de 11,70% para as vendas do Natal, em comparação com o mesmo período do ano passado, quando houve a menor expectativa da história, com uma queda de 7,28%. As semanas seguintes às festas costumam apresentar baixas e, para garantir um bom desempenho, os comerciantes pretendem apostar em promoções e ofertas.
O presidente da Fecomércio-DF, Adelmir Santana, afirma que, apesar do quadro positivo, é preciso cautela, devido aos dois anos seguidos com vendas em queda. “É um período incerto, mas Brasília recebe muitos turistas e a probabilidade é que esses novos consumidores supram a queda nas compras dos brasilienses”, espera.
A pesquisa do instituto ainda mostra que, entre as empresas da capital, a maior previsão de crescimento é no comércio de calçados e acessórios, com impulso de 24,05%. A dona de casa Luciana Barbosa, 34, diz que se sente mais animada para comprar no período natalino. “Prefiro comprar logo, sem esperar as liquidações. Vim ao shopping procurar um tênis para a minha filha, mas acabei levando também uma roupa para o meu marido”, relata. As compras dela saíram mais caras do que o esperado. “Vou gastar cerca de R$ 50 a mais, mas estou satisfeita”, relata.
* Estagiários sob supervisão de Mariana Niederauer 

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