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Regiões ucranianas sob controle russo: o que se sabe

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O destino de diversas áreas atualmente sob domínio das tropas russas é um tema central nas negociações diplomáticas voltadas para resolver o conflito na Ucrânia.

De acordo com uma fonte do governo dos Estados Unidos, Donald Trump apoia uma proposta que envolve ceder as regiões orientais de Donetsk e Lugansk à Rússia, em troca de uma suspensão das operações militares nas regiões de Kherson e Zaporizhzhia, no sul do país.

No entanto, Kiev rejeita a entrega desses territórios, considerando-os temporariamente ocupados.

Donetsk e Lugansk, foco do Kremlin

Essas regiões próximas à fronteira russa compõem o Donbass, uma área industrial e mineradora, cuja tomada é prioridade para o presidente russo, Vladimir Putin.

As forças russas controlam mais de 99% de Lugansk e cerca de 79% de Donetsk, incluindo suas capitais regionais, conforme análise da AFP baseada em dados do Instituto para o Estudo da Guerra (ISW) dos Estados Unidos.

Segundo autoridades locais, ainda vivem na parte de Donetsk sob controle ucraniano aproximadamente 242.700 pessoas, distribuídas em várias cidades importantes.

Embora essa área seja considerada uma linha de defesa vital para o restante da Ucrânia, o Exército russo continua avançando e ameaça os principais centros logísticos militares ucranianos na região.

Grande parte desse território foi devastada pela guerra iniciada em 2014, quando Moscou apoiou um movimento separatista pró-Rússia, que antecipou a invasão de fevereiro de 2022.

Donetsk e Lugansk têm tradicionalmente população majoritariamente russófona, fato explorado pelo Kremlin para justificar seu ataque.

Em setembro de 2022, a Rússia anunciou a anexação dessas regiões, além de Kherson e Zaporizhzhia.

Donetsk também foi palco dos combates mais intensos do conflito, em cidades como Bakhmut, Mariupol e Avdiivka.

Kherson: ocupada e parcialmente recuperada

No início da invasão, as tropas russas haviam quase completamente tomado a região agrícola de Kherson. Contudo, uma contraofensiva ucraniana conseguiu retomar a capital regional em novembro de 2022.

O rio que serve como fronteira natural estabilizou a linha de frente, permitindo que a Ucrânia mantivesse controle sobre os principais centros urbanos, situação semelhante à de Zaporizhzhia.

O ISW aponta que cerca de 71% de Kherson estão sob controle russo.

Zaporizhzhia: a região da usina nuclear

Os soldados russos mantêm presença em cerca de 74% dessa região e controlam a maior usina nuclear da Europa, localizada ali, desde o início do conflito.

Embora a usina esteja desativada, sua segurança é preocupante devido aos combates nas proximidades. Rússia e Ucrânia se acusam mutuamente de ameaçar a instalação.

Sumy e Kharkiv: situações particulares

Além das áreas oficialmente reivindicadas pela Rússia, as tropas russas realizam incursões em Sumy e Kharkiv, no nordeste do país.

Apesar dos repetidos ataques, Moscou não domina nenhuma cidade importante dessas regiões, controlando apenas cerca de 5% de Kharkiv e 1% de Sumy, segundo dados do ISW.

O Kremlin pretende criar uma zona de amortecimento para bloquear ofensivas ucranianas, como a realizada em 2024 na região leste de Kursk.

Crimeia: 11 anos sob domínio russo

O controle da Rússia sobre a Crimeia é especialmente sólido, pois Moscou anexou a península em 2014 após um referendo questionado internacionalmente.

A Rússia quer que países ocidentais e Kiev reconheçam essa anexação.

Donald Trump alertou recentemente que não vê possibilidade da Ucrânia retomar o controle da Crimeia, península conhecida por seu turismo e vinicultura, conectada à Rússia desde 2018 por uma ponte longa, alvo frequente de ataques ucranianos.

A Ucrânia também investe em ações contra instalações militares e navais na região, que a Rússia usa como base de apoio para seu exército.

As condições de vida dos ucranianos na Crimeia e outras áreas controladas por Moscou são difíceis de avaliar. A repressão é intensa; autoridades ucranianas afirmam que resistir à ocupação pode resultar em detenção, tortura ou assassinato.

O Kremlin tem sido criticado por promover a russificação desses territórios, controlando a educação, a mídia e vários aspectos da vida diária, além de instalar cidadãos russos e impor passaportes russos aos ucranianos locais.

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