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Regulação urgente para uso de conteúdo jornalístico por IA

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O debate sobre a necessidade imediata de regulação para o uso do conteúdo jornalístico por ferramentas de Inteligência Artificial foi o foco central do evento “IA e o futuro do jornalismo”, organizado pela Associação Nacional de Jornais (ANJ) na última quinta-feira (4).

Realizado na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo, o encontro teve mediação de Marta Gleich, diretora-executiva de jornalismo e esporte do Grupo RBS, e contou com a participação dos diretores de redação Alan Gripp (O Globo), Sérgio Dávila (Folha de S.Paulo) e Eurípedes Alcântara (O Estado de S.Paulo), além da presidente do Instituto Palavra Aberta, Patricia Blanco.

O evento marcou o encerramento das atividades da ANJ, que entregou o prêmio do ano ao Instituto Palavra Aberta pela sua defesa da liberdade de imprensa e homenageou 13 jornais centenários, incluindo O Globo, por sua contribuição à democracia brasileira.

Alan Gripp ressaltou a importância de estabelecer um modelo regulatório que reconheça a remuneração e o trabalho dos criadores do conteúdo, atualmente disseminado livremente por ferramentas de IA.

“É inevitável a necessidade de regulação para estabelecer responsabilidades, punições e limites claros para o uso dessas tecnologias, além de transparência para o público. Enquanto isso, no Brasil, essa discussão estagnou, diferente de outros países, como os da Europa, que já avançaram nesse tema”, afirmou Gripp.

Sérgio Dávila destacou que a ausência de regras claras facilita a pirataria de conteúdo, um problema que se repetiu em outras revoluções tecnológicas.

“Em momentos de grandes mudanças tecnológicas, como a popularização da internet e o surgimento das redes sociais, sempre vem a pirataria. No caso da IA, ela usa nosso conteúdo para fins comerciais sem remuneração, o que é preocupante”, explicou Dávila.

Patricia Blanco chamou atenção para o risco da padronização do jornalismo diante da disseminação das ferramentas de IA, que pode afetar a criatividade e a análise crítica típicas do trabalho humano.

“O jornalismo corre o risco de perder seu olhar diferenciado, tornando-se apenas um produto da IA, sem aprofundamento ou contexto, algo que só o olhar humano pode proporcionar”, destacou Patricia.

Eurípedes Alcântara contou como o Estadão integra a IA na produção jornalística, mantendo a responsabilidade e autoria humanas.

“No Estadão, usamos livremente as tecnologias e IA na etapa de apuração, mas antes da publicação há regras internas rigorosas para garantir que o jornalista é o responsável e autor final do conteúdo, assegurando a comunicação pessoal e direta”, explicou Eurípedes.

A mediadora Marta Gleich reforçou a necessidade de supervisão humana nos conteúdos gerados com IA e destacou dois princípios fundamentais: a supervisão sempre humana e a honestidade com o público, valores essenciais do jornalismo confiável.

Para Alan Gripp, do Globo, embora a Inteligência Artificial seja uma ferramenta poderosa, deve-se manter regras claras dentro das redações.

“O impacto da IA foi inicial e assustador, mas temos longa tradição de utilizar tecnologia para avançar. No Grupo Globo, definimos regras claras para o uso da IA, com uma cláusula essencial: nunca abrir mão da supervisão jornalística. A IA é valiosa quando combinada ao conteúdo original do jornal”, concluiu Gripp.

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