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Reino Unido constrói cidades novas para solucionar falta de moradia

A nova cidade de Northstowe, na região central da Inglaterra, está em desenvolvimento e, dentro de duas décadas, espera-se que abrigue 30.000 habitantes, dez vezes mais que atualmente. Este é um exemplo do plano do governo britânico para enfrentar a carência de casas.
O primeiro-ministro trabalhista, Keir Starmer, eleito em julho do ano passado, comprometeu-se a erguer um milhão e meio de residências até 2029.
A maioria das construções ocorrerá na expansão de áreas urbanas existentes, mas o governante também anunciou o início da criação da “próxima geração” de cidades novas no Reino Unido.
O governo trabalhista de Clement Attlee (1945-1951), que criou o NHS (serviço público de saúde), serve de inspiração para essas ações.
Esse governo lançou o programa de “cidades novas” em 1946, que permitiu a construção, na década de 1960, da famosa nova cidade britânica de Milton Keynes, ao norte de Londres, hoje com mais de 250.000 habitantes, embora receba críticas atualmente.
Na época em que Milton Keynes foi criada, o automóvel dominava, e o comércio futuro era planejado em grandes centros comerciais.
Cidades saudáveis e sustentáveis
Atualmente, urbanistas valorizam mais a biodiversidade, segundo Katja Stille, da agência Tibbalds, responsável pelo desenvolvimento urbanístico de Northstowe.
“O mundo mudou bastante desde então”, diz Stille.
Com áreas verdes, ciclovias, lagos e conexões de transporte, Northstowe, a aproximadamente 20 quilômetros de Cambridge, é uma cidade pensada para ser “saudável” e de “baixa emissão de carbono”.
Construída em um antigo quartel da Força Aérea Real, a cidade recebeu seus primeiros moradores em 2017. Atualmente, cerca de 1.600 residências estão ocupadas. Quando finalizada, terá 10.000 moradias e oito escolas.
“Estou muito animado com o futuro”, afirma Jason Benedicic, consultor de informática que se tornou prefeito de Northstowe este ano, destacando o forte espírito comunitário.
Benedicic, com pouco mais de 40 anos, mudou-se para lá em 2020 com sua parceira e filho, buscando menor custo em relação a Cambridge.
Hoje, Northstowe não possui comércios nem clínicas, mas o projeto visa transformar a região rural em um centro urbano vibrante. Benedicic comenta que “seria ótimo ter até um salão de cabeleireiro”.
Stephen Brewer, 68 anos, é dono do Tap and Social, o único bar da cidade, inaugurado em 2024, e orgulha-se de ser um pioneiro local, sem temer concorrência.
Crise habitacional no Reino Unido
O país enfrenta uma dura crise na área imobiliária, com oferta insuficiente para a demanda, além do aumento da expectativa de vida e da imigração.
O crescimento rápido dos preços e a escassez de moradias acessíveis tornam a compra da casa própria praticamente impossível para muitos jovens.
Estima-se que cerca de 354.000 pessoas estejam sem moradia no Reino Unido, que tem 68,2 milhões de habitantes, conforme dados da organização Shelter England.
Plano para aumento da construção
Keir Starmer estabeleceu a meta de construir 300.000 casas ao ano durante seu mandato, ritmo maior que o dos anos passados.
Contudo, desafios permanecem relacionados à disponibilidade de terrenos, materiais e mão de obra especializada.
Segundo Tim Wray, diretor de desenvolvimento da empresa Keepmoat, que edifica 300 residências em Northstowe, trata-se de “um objetivo audacioso e um verdadeiro desafio”.
Um grupo governamental analisa mais de 100 locais na Inglaterra para a criação das próximas cidades novas, cada uma com capacidade para abrigar 10.000 casas. Os locais serão anunciados em breve.

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