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Remédio contra doença falciforme está em falta no DF há três meses
Pacientes que fazem tratamento contra a doença falciforme no Distrito Federal reclamam da falta de um medicamento fundamental para o controle dos sintomas. A hidroxiureia, vendida comercialmente com o nome Hydrea, está indisponível na Farmácia de Alto Custo.
A Secretaria de Saúde afirma que não consegue o remédio com o fornecedor. Segundo a Bristol-Myers Squibb, fabricante do produto, o medicamento deve estar disponível ainda na primeira quinzena deste mês.
Patrícia Monteiro, de 41 anos, tenta há três meses conseguir o remédio para a tia do marido, com 71 anos. Desempregada, ela diz não ter condições de comprar o medicamento que chega a custar R$ 200.
A tia dela, Joaninha Ribeiro, toma o medicamento há dois anos e pode voltar a ter crises frequentes se não retomar o tratamento. Moradora do Gama, ela precisa ir até a Farmácia de Alto Custo na Asa Sul para verificar se o medicamento está disponível.
“A gente pega a hidroxiureia de três em três meses, e sempre precisa renovar a receita. Quando fui pegar em dezembro, não tinha. Agora, já estamos em março, a receita está para vencer, e não sei se vamos conseguir pegar novamente”, diz Patrícia.
Sem acesso a novas caixas, a família tem que se virar com um pequeno estoque que foi montado há dois anos. “Ela começou tomando dois por dia, e logo a médica abaixou para um. Então, conseguimos guardar as cartelas extras para uma emergência. Agora, já estão acabando”, diz a sobrinha.
A doença falciforme é um mal hereditário, com sintomas semelhantes aos da anemia comum, como cansaço e palidez. A diferença é que o paciente tem crises recorrentes e é mais suscetível à infecção, por isso o tratamento não deve ser interrompido. A enfermidade é causada por uma deformação nas hemácias ou glóbulos vermelhos, células do sangue responsáveis pelo transporte de oxigênio.
“É uma doença grave, hereditária. A pessoa nasce com ela, pois recebe um gene do pai e um da mãe. Os dois têm com mutação da hemoglobina A, que é uma hemoglobina normal que todo mundo tem. Quando junta duas hemoglobinas mutantes em hemoglobina S, o filho tem a anemia falciforme”, afirmou a presidente do Hemocentro, Beatriz MacDowell, em entrevista dada em 2013. Essa anemia é um dos tipos de doença falciforme, que também se manifesta com outras hemoglobinas mutantes.
“O remédio só ameniza o sofrimento, porque não tem cura. Quando a pessoa não toma, fica mais internada, precisa de transfusão. Não sabemos o que pode acontecer”, diz Patrícia. Portadora da doença, Joaninha vive com um salário mínimo e paga mensalmente R$ 500 de aluguel. Segundo Patrícia, o marido está acamado depois de quebrar a bacia em um acidente e também toma remédios controlados.
Mais pacientes
Segundo a fonoaudióloga e coordenadora técnica da Associação Brasiliense de Pessoas com Doença Falciforme, Luana Carolina Martins, a hidroxiureia é um dos medicamentos mais consumidos para o controle dos sintomas. “Conheço pelo menos 10 adultos e algumas crianças que fazem uso. Eu tomo a medicação há cinco anos e sei que, sem a hidroxiureia, as crises voltariam.”
A abstinência do remédio faz voltarem os sintomas mais pesados da doença, como crises de dor no corpo e fraqueza muscular, diz Luana. “A qualidade de vida muda, a gente fica mais cansada e sem forças. Precisa ser internada, passar por transfusão.”
Fonte: G1
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