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Rio-pretenses contam sobre desafios ao trocar de emprego e profissão

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O contrato de trabalho baseado em autoridade está saindo de cena e dá lugar ao “bom para todos os lados”. Quando a empresa não pensa assim, os funcionários acabam procurando outra empresa ou profissão onde encontram satisfação profissional. A palabra “motivação” nunca esteve tão em alta. Mas esse processo de elaboração para mudar de carreira não ocorre do dia para a noite e não é nada fácil planejar a saída da empresa.

Quando o profissional tem tempo de programar a transição, ele pode investir em novas qualificações, poupar dinheiro ou procurar um emprego mais condizente com as suas aspirações. Se existe uma percepção mais fraca do seu descontentamento, o processo é mais doloroso e irá conviver com situações de estresse até não aguentar mais. São casos assim que levam o profissional a deixar o emprego no impulso, sem ter nenhuma alternativa em vista. Lembre-se: você só consegue migrar para outra carreira se souber exatamente o que deseja.

Foi exatamente pensando nesses valores que a nutricionista de São José do Rio Preto(SP) Eliane Norcini, de 30 anos, mudou bruscamente de profissão. Há sete anos, ela largou a carreira de esteticista e hoje atua na área de nutrição. “A princípio fui apenas fazer um curso técnico em nutrição, com duração de um ano e meio, com o intuito de agregar alguns conhecimentos para a prática nos procedimentos estéticos corporais, mas, no decorrer do curso, fui me encantando pelo outro lado da nutrição ligada à segurança alimentar e controle de qualidade”, diz Eliane.

Eliane garante que os medos e as incertezas fazem parte constante na hora da mudança. “Como técnica em nutrição foram cinco anos e agora, após me formar como nutricionista, já atuo há dois anos. A princípio pensei bastante, até porque era uma mudança de mercado e naturalmente, o medo de não dar certo era meu companheiro, mas, aos poucos, as oportunidades na área foram surgindo e tudo aconteceu como esperava”, afirma Eliane.

Logo quando pensou em mudar de atividade, Eliane sempre buscou conhecer a fundo o que a carreira de nutrição poderia trazer de benefícios para ela. “O estudo é fator primordial para conhecer o que o profissional espera do futuro, é importante conhecermos o que queremos fazer diariamente. A nutrição, como todas as áreas de atuação no mercado, tem seus dias de loucura, mas sem dúvidas é a profissão que agora escolhi para seguir e não me vejo fazendo outra coisa da vida” afirma Eliane.

Para a psicóloga Ana Elisa Morelli, o que aconteceu com Eliane Norcine é comum. A troca de emprego depende de fatores que envolvem a motivação interna, processo de aprendizado e as contribuições pessoas e profissionais. “A relação de emprego pode ir além do contrato de trabalho, pode ocorrer quando um profissional se sente realizado em determinada função. Temos que pensar também que as novas gerações transitam mais rápidos entre as organizações, pois gostam de mudanças, de viver o momento atual e percebem que podem aprender mais quando vivenciam novas culturas e novas formas de atuar profissionalmente”, diz Ana Elisa.Para Gabriel Antônio de Oliveira, de 25 anos, trocar de profissão foi algo inesperado, mas que o jovem abraçou a oportunidade. Ele era eletricista de manutenção e descobriu a fotografia há três anos. Por problemas de saúde que dificultavam o trabalho, o convite para se tornar fotógrafo veio por meio de um amigo, que já atuava na área. Gabriel garante que a escolha foi certeira. “Durante exames de rotina descobri uma hérnia de disco, tive medo de continuar na profissão e a hérnia se agravar.

Foi a partir dai que um amigo me propôs trabalhar com a fotografia, analisei, gostei e comecei a estudar. Os estudos lhe darão um embasamento do que você irá encontrar durante a carreira, somente com os estudos você saberá o grau de profissionalismo que irá alcançar e sentirá mais confiança. Sempre fiz cursos e aulas sobre fotografia, mas quem não tiver essa oportunidade, seja por limitação de tempo ou financeira, existem cursos on-line e sites de compartilhamento de vídeos que ensinam. É uma ferramenta muito importante e está disponível à todos”, diz Oliveira.O representante comercial Luciano Alves Rodrigues de 38 anos, chegou a abrir um escritório de despachante para descobrir que não havia se identificado com a profissão. Após ter contato com a representação comercial, percebeu que a oportunidade de melhorias estava alí e resolveu mudar. “Me identifiquei com a profissão de despachante, mas a remuneração da categoria foi diminuída. Com o tempo, fui observando a profissão de vendedor externo e acreditava que iria me dar bem, pois gosto de me comunicar com as pessoas. Tomei uma atitude e saí comentando com meus colegas, até que um deles me passou uma pasta para vender portas e esquadrias metálicas e aí comecei de deu certo”, conta Rodrigues.

Para trocar de profissão, a rotina também foi alterada e previa viagens constantes. Mas a confiança no sucesso profissional fez o ex-despachante encarar o desafio. “Tive muita dúvida e senti muito medo, pois teria que viajar e ficar longe da família por semanas e ainda me sustentar sozinho durante um tempo. Abrir mão da profissão que havia exercido para enfrentar a de vendedor sem nenhuma experiência foi dificultoso. Me espelhar em alguns amigos que já tinham experiência na profissão e sucesso profissional foram fundamentais, pois me encorajavam dizendo que eu iria aprender aos poucos tudo que precisava para ser bem sucedido. Uma frase que me marcou e que me acompanha diariamente é a seguinte: “A venda é uma consequência” e eu faço isso um aprendizado imprescindível no exercício da profissão”, diz Rodrigues.

Luciano enfatiza que cada profissão tem suas vantagens e turbulências e o que o melhor a ser feito é dar um passo de cada vez até alcançar o objetivo final. “Tive perseverança e acreditei que iria colher com o tempo o que plantava a cada dia, e realmente assim está acontecendo. Já estou atuando como vendedos há quase 4 anos, tenho duas boas pastas e hoje tenho orgulho de dizer que sou vendedor e sinto prazer em trabalhar todos os dias”, afirma Rodrigues.

Recomeço profissional
Mudar de atividade não é impossível, em nenhum momento da vida, mas antes é preciso seguir alguns passos para um novo recomeço de forma consciente. “Ter certeza dos motivos que o faz deixar o emprego e não querer atuar mais na profissão é primordial. Muitas pessoas acabam promovendo mudanças muitos bruscas por conta do mau relacionamento empresarial. Outro ponto importante é fazer uma transição planejada e seguir um método com quatro etapas: O Autoconhecimento, o prazo definido para as mudanças e respeitar a risca esse período, pesquisar sobre a nova etapa e as oportunidades diante da realidade e por último a estratégia unindo tecnologia e internet busque o ideal para o profissional, desde que tudo seja baseado no estilo de vida desejado”, afirma o coaching de carreira Maurício Sampaio.

 (Foto: Arquivo Pessoal)

Toda mudança deve ser compartilhada abertamente com a família. Diante das dificuldades, o aprendizado será maior e toda forma de superação será válida. “Acho que a principal dica é ter consciência que toda mudança incomoda, mesmo ela sendo para melhor. É preciso estar presente para isso. Talvez essa seja uma forma de você tomar coragem de mudar. É necessário aceitar que, talvez, você tenha que superar algumas barreiras, podendo ser uma delas voltar dois passos na questão financeira. Outra dica importante, para os casados e com família, é envolver todos no projeto. Deve-se dialogar, não fazer tudo sozinho”, explica Sampaio.

Fonte: G1

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