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Economia

Rombo na Previ pode prejudicar resultado do BB, dizem especialistas

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TCU iniciou auditoria na gestão da fundo de previdência do BB

Especialistas consultados pela CNN disseram que a crise no fundo de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ) pode prejudicar o resultado do BB. O rombo em 2024, sob gestão do sindicalista João Fukunaga, foi de R$ 14 bilhões.

Segundo o estrategista-chefe da RB Investimentos, Gustavo Cruz, caso as perdas da Previ não sejam estancadas, o Banco do Brasil pode ter de ajudar a reparar o déficit no fundo.

Isso poderia impactar o resultado financeiro do Banco e, consequentemente, seus dividendos, aponta o especialista.

“Isso pode fazer com que os funcionários ativos tenham que contribuir. Além disso, o Banco do Brasil, que é um dos patrocinadores do fundo, pode ter de tirar uma parte de seu resultado financeiro para cobrir este problema”, diz.

Cruz destaca ainda que o Banco do Brasil é uma das instituições que lideram o pagamento de dividendos entre aquelas listadas na B3.

“É um banco que teve gestão elogiada nos últimos anos, e seus resultados chamam cada vez mais atenção dos investidores.”

A tese é compartilhada por André Gilberto, CEO e responsável pela área de Direito Administrativo do CGM Advogados.

“Um fundo como esse tendo resultado negativo, se houver déficit por qualquer razão, muito possivelmente serão necessários aportes de novos recursos pelo ente público”, afirma.

“Quando olhamos para uma Caixa Econômica, para um Banco do Brasil, estamos falando de uma potencial sangria em recursos de empresas públicas ou sociedades de economia mista muito importantes”, complementa.

Quem acompanha o mercado lembra o precedente em que funcionários e aposentados da Caixa Econômica Federal tiveram descontos em rendimentos para cobrir prejuízos no Funcef, fundo de pensão do Banco.

“Seria uma perda potencial para os funcionários em suas carteiras, mas que não vejo sendo repassada diretamente para o banco”, pondera Sérgio Vale, economista-chefe da MB Associados.

Procurado pela CNN, o Banco do Brasil afirmou que não há risco aos investidores, como impactos no pagamento de dividendos, e afirmou que os planos da Previ estão em equilíbrio.

O BB ainda apontou que “acompanha o desempenho” da Previ “tendo, inclusive, representantes em suas instâncias de fiscalização e controle”.

“A mesma medida se replica a todas as empresas que compõe o Conglomerado BB”.

Auditoria

O Tribunal de Contas da União (TCU) iniciou, na terça-feira (11), uma auditoria na gestão da Previ, após um rombo de R$ 14 bilhões no chamado Plano 1 entre janeiro e novembro de 2024.

A solicitação partiu do ministro do TCU Walton Alencar Rodrigues, que expressou “gravíssimas preocupações” com o resultado do fundo presidido pelo sindicalista João Fukunaga.

Especialistas consultados pela CNN citam “vários motivos” que justificam a análise da saúde dos grandes planos de previdência complementar, desde o impacto no bolso dos brasileiros até as contas públicas, e a eventual possibilidade de casos de corrupção.

“Esses fundos têm uma obrigação social. Eles lidam com beneficiários que, ao longo da vida inteira, foram acumulando recursos para poder se aposentar. Quando ocorre um resultado negativo como esse, fica a dúvida de por quanto tempo isso vai se perpetuar”, afirma Cássio Landes, head de Previdência e Seguridade da Valor Investimentos.

A preocupação é que os beneficiários sejam impactados no futuro, já que a previdência é a “única ou principal fonte de renda que eles têm”, completa Landes.

Na Previ, os funcionários do Banco do Brasil na ativa contribuem mensalmente com uma parte de seus vencimentos para formar um fundo que, teoricamente, deve se multiplicar para pagar os benefícios dos aposentados e futuros aposentados.

“Perdas e prejuízos podem acontecer e, quando são confirmadas, o contexto das decisões que levaram a esses resultados devem ser analisados e justificados. Um bom parâmetro é a comparação da performance do fundo de pensão com o comportamento dos demais fundos de pensão do mercado”, avalia Gilberto Braga, professor de economia do Ibmec-RJ.

Especialistas ouvidos pela CNN detalharam as perdas da Previ em 2024: cerca de 30% do chamado Plano 1 do fundo (R$ 63,7 bilhões) é composto por ativos de renda variável, e 35% dessa fatia são ações da Vale, que tiveram fortes perdas no ano passado.

Relação BB e Previ

O Banco do Brasil não é dono da Previ, mas patrocinador do fundo, e contribui mensalmente para o custeio dos Planos de Benefícios 1 e Previ Futuro, na mesma proporção da contribuição dos participantes.

Os participantes são funcionários da ativa ou aposentados inscritos em um dos Planos de Benefícios.

Assistidos são participantes ou seus beneficiários em gozo de benefício de prestação continuada.

Há ainda o Conselho Fiscal, que é responsável pela fiscalização da gestão administrativa e econômico-financeira da Previ.

A estrutura da instituição conta ainda com um Conselho Deliberativo; o Comitê de Auditoria; Diretoria Executiva; Conselho Consultivo Plano Previ Futuro e o Conselho Consultivo Plano 1.

CNN Brasil Money

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