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Rússia exige segurança em acordo com Ucrânia

A Rússia alertou nesta terça-feira (19) que qualquer acordo possível com a Ucrânia precisa assegurar a segurança tanto do país quanto dos falantes de russo na Ucrânia, pouco antes de uma reunião entre aliados de Kiev para discutir possíveis negociações de paz.
As chances de um acordo na Ucrânia permanecem incertas devido às muitas divergências, mesmo com os esforços para aproximação entre as partes.
O presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, e líderes europeus participaram na segunda-feira de um encontro em Washington com o então presidente americano, Donald Trump, que também afirmou ter conversado por telefone com seu homólogo russo, Vladimir Putin.
No entanto, o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Serguei Lavrov, indicou que qualquer acordo de paz com Kiev deve considerar os interesses de segurança de Moscou e os direitos dos russos e falantes de russo que vivem na Ucrânia, elementos essenciais para um compromisso duradouro.
Esse argumento da segurança e dos direitos dos russos no país vizinho foi utilizado por Moscou para justificar a invasão da Ucrânia em fevereiro de 2022, quando Putin disse agir para proteger a população falante de russo de um suposto genocídio.
Lavrov também mencionou a possibilidade de uma reunião entre Putin e Zelensky, a primeira desde o começo da invasão russa há mais de três anos, ressaltando a necessidade de uma preparação cuidadosa para o encontro.
Fontes próximas às negociações informaram que Putin propôs realizar a reunião em Moscou durante uma ligação com Trump, que teria sido recusada por Zelensky.
Reunião da coalizão de aliados
Aproximadamente 30 aliados de Kiev se reunirão por videoconferência para avaliar os avanços nas negociações, conforme anunciado pelo presidente francês, Emmanuel Macron, que esteve presente em Washington para as conversas.
Denominada ‘coalizão de voluntários’, a reunião visa manter as partes atualizadas e iniciar um trabalho concreto com os americanos, sob a copresidência de Macron e do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer.
Macron sugeriu que Genebra poderia sediar o encontro entre Putin e Zelensky, mas ressaltou que cabe à Ucrânia decidir se fará concessões territoriais, incluindo áreas do leste do Donbass ainda sob seu controle.
O ministro suíço das Relações Exteriores, Ignazio Cassis, afirmou que seu país ofereceria imunidade a Putin numa possível conferência de paz, mesmo diante da ordem internacional de prisão contra ele.
Contudo, nas ruas de Kiev, a população demonstra ceticismo quanto à possibilidade de que os diálogos possam terminar o conflito, considerado o pior da Europa desde a Segunda Guerra Mundial.
Enquanto isso, em Moscou, alguns manifestam otimismo sobre a possibilidade de um acordo benéfico para ambas as partes.
Posição aberta para conversações
Donald Trump, após encontro recente com Putin no Alasca, declarou em sua rede social que já foram iniciados os preparativos para uma reunião futura entre os líderes da Rússia e da Ucrânia.
Foi também mencionada a organização de um encontro trilateral envolvendo ambos os líderes e os Estados Unidos.
O chefe da Alemanha, Friedrich Merz, afirmou que Putin aceitou a realização da reunião bilateral nas próximas duas semanas.
Zelensky se declarou pronto para o encontro e descreveu a reunião em Washington como um passo importante para encerrar a guerra e garantir a segurança da Ucrânia e de seu povo.
Apesar dos avanços, Macron alertou que Putin raramente cumpriu os seus compromissos.
Garantias de segurança
Após o encontro com Zelensky e líderes europeus, Trump afirmou que discutiu as garantias de segurança para a Ucrânia, que teriam sido aceitas por Putin.
Essas garantias serão oferecidas por diversos países europeus em conjunto com os Estados Unidos.
De acordo com informações obtidas pelo jornal Financial Times, a Ucrânia teria se comprometido a adquirir armas americanas no valor de 100 bilhões de dólares, financiadas pela Europa, em troca de garantias de segurança fornecidas pelos EUA.

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