Economia
Salários maiores em fundações sem fins lucrativos
Em 2023, as fundações e associações privadas sem fins lucrativos remuneraram seus funcionários com salários mais altos do que as empresas privadas. A média salarial desses trabalhadores foi de R$ 3.630,71, equivalente a 2,8 salários mínimos, enquanto as empresas pagaram 2,5 salários mínimos.
O valor do salário mínimo em 2023 foi de R$ 1.314,46. Tanto as organizações sem fins lucrativos quanto as empresas privadas tiveram salários inferiores aos pagos pela administração pública, que ofereceu uma média de quatro salários mínimos.
Esses dados são fruto de um estudo divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que aborda a situação das fundações privadas e associações sem fins lucrativos no Brasil. A pesquisa utilizou informações do Cadastro Central de Empresas do IBGE (Cempre) e teve início em 2002, mas devido a mudanças metodológicas, apenas os dados de 2022 e 2023 são comparáveis.
As fundações privadas e associações sem fins lucrativos incluem associações comunitárias, fundações privadas, entidades religiosas, instituições educacionais e de saúde sem fins lucrativos. Diferentemente, outras organizações, como sindicatos, partidos políticos, condomínios e órgãos paraestatais, são classificadas como entidades sem fins lucrativos, não fazendo parte das Fasfil.
O número dessas organizações cresceu 4% entre 2022 e 2023, chegando a 596,3 mil, representando 5% do total de organizações no país, que inclui empresas e órgãos públicos. Elas empregam 2,7 milhões de pessoas, equivalente a 5,1% dos trabalhadores brasileiros, e distribuem 5% dos salários.
A remuneração média em salários mínimos é classificada da seguinte forma:
- Administração pública: 4 salários mínimos
- Fundações privadas e associações: 2,8 salários mínimos
- Entidades sem fins lucrativos: 2,6 salários mínimos
- Empresas privadas: 2,5 salários mínimos
- Média geral dos trabalhadores: 2,8 salários mínimos
Em relação às atividades, cerca de um terço (35,3%) das fundações e associações sem fins lucrativos são religiosas. A distribuição dessas organizações por área é:
- Entidades religiosas: 210,7 mil
- Cultura e recreação: 89,5 mil
- Defesa e promoção de direitos: 80,3 mil
- Associações patronais e profissionais: 69,5 mil
- Assistência social: 54 mil
- Educação e pesquisa: 28,9 mil
- Meio ambiente e proteção animal: Dados não especificados
- Habitação: 626
- Outras: 49,1 mil
Dos trabalhadores dessas organizações, 41,2% atuam na área de saúde, que emprega cerca de 1,1 milhão de pessoas. Em seguida, vêm educação e pesquisa, com 27,7%, e assistência social, com 12,7%. Entre os empregados das fundações e associações, as mulheres representam 68,9%, superando a porcentagem feminina no total das organizações no país, que é 45,5%. Na educação infantil, essa proporção chega a 91,7%. No entanto, as mulheres recebem em média 19% menos do que os homens nesse setor.
Para Francisco Marta, coordenador de Cadastros e Classificações do IBGE, o levantamento destaca a relevância econômica e social do setor, que complementa serviços governamentais em saúde, educação, assistência social, defesa de direitos e meio ambiente, contribuindo significativamente para a riqueza nacional.
Quanto ao porte das organizações, as fundações e associações sem fins lucrativos possuem em média 4,5 empregados, sendo que 85,6% delas não contam com funcionários registrados formalmente. Apenas 0,7% dessas entidades possuem 100 ou mais colaboradores.
As atividades com maior número de empregados nas Fasfil são hospitais (269,7 funcionários), áreas de saúde (132,5), ensino superior (73,9) e ensino médio (73,8). Já as entidades religiosas têm o menor número médio de empregados, com cerca de 0,6 trabalhador.


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