Economia
Sanções à Rússia apertam o cerco ao diesel e colocam o Brasil em busca de novos fornecedores

As sanções dos Estados Unidos que atingem o petróleo russo devem reduzir ainda mais o diesel importado pelo Brasil. Atualmente, o combustível proveniente da Rússia representa cerca de 15% das importações brasileiras dessa fonte energética.
O Brasil depende das importações para suprir aproximadamente 30% do consumo total de diesel, uma vez que a Petrobras consegue atender somente 70% dessa demanda interna.
Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), destaca que o setor já enfrentava sanções desde o início do conflito da Rússia na Ucrânia. A União Europeia também anunciou novas restrições recentemente.
“Os importadores brasileiros terão que buscar diesel em novos mercados não sancionados, tornando a operação mais complexa e elevando os preços do petróleo no mercado mundial”, explica Araújo.
Essa situação deve limitar as opções comerciais. As sanções atingem diretamente as petroleiras russas Rosneft e Lukoil, que são responsáveis por grande parte da produção russa, além de mais de 110 navios envolvidos no transporte desses produtos.
Diante dessa nova realidade, os importadores brasileiros estão em busca de rotas e fornecedores alternativos para garantir o abastecimento de diesel no país.
Araújo e especialistas afirmam que essas medidas americanas podem diminuir a participação do diesel russo no mercado brasileiro, que já foi de até 60% do volume importado. O Brasil tem ampliado a diversificação de suas fontes, com a Índia respondendo por 45% das importações, seguida pelos Estados Unidos com 27% e pela Arábia Saudita com 9%.
“A Rússia ainda é um ator importante no mercado global de combustíveis, oferecendo grande volume. As sanções dos Estados Unidos limitam essa oferta, mas não eliminam a presença russa. Será fundamental acompanhar a evolução dos preços do diesel e do petróleo russo”, pontua Araújo.
Antes, as petroleiras russas enfrentavam apenas restrições financeiras ou tecnológicas, mas agora estão proibidas de realizar transações, incluindo intermediários estrangeiros envolvidos na comercialização, financiamento ou transporte de suas cargas.
A Índia funciona como principal via de acesso da Rússia ao mercado global, importando diariamente cerca de 4,7 a 5 milhões de barris de petróleo russo, o que corresponde a 36% de suas importações totais.
Um empresário brasileiro observa que importadores do país adquiriam diesel indiano de origem russa, mas com as novas medidas, esse cenário se torna mais limitado.
O principal atrativo do diesel russo é seu preço competitivo. Recentemente, os descontos chegaram a US$ 0,16 por galão, porém, ultimamente os valores se alinharam aos praticados por empresas americanas devido à alta demanda interna e manutenções nas refinarias russas. Vale destacar que a Petrobras não importa diesel da Rússia.
Essas restrições provavelmente causarão aumento nos preços no curto prazo. Mais adiante, a Rússia pode baixar os preços para escoar sua produção, como fez nos primeiros meses do conflito ucraniano.
Relatório do Banco Santander indica que as petroleiras russas representam cerca de 50% da produção nacional do país. As sanções podem retirar de 1 a 1,5 milhão de barris por dia do comércio global, compensando aumentos da Opep+.
“Os preços do diesel e da gasolina nos Estados Unidos estão em alta e, junto às sanções contra a Rússia, tornam menos vantajosa a importação de combustíveis para o Brasil. Isso deve equilibrar a oferta e demanda desses produtos no mercado doméstico no último trimestre de 2025”, conclui o Santander.

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