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Saúde pública enfrenta crise nos EUA, dizem ex-chefes dos CDC

Especialistas que recentemente deixaram seus cargos na principal agência de saúde pública dos Estados Unidos expressaram neste domingo (31) sua preocupação com a crescente interferência política na instituição e alertaram sobre o enfraquecimento da separação entre ciência e ideologia.
O presidente Donald Trump demitiu na última semana a diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), Susan Monarez, que ficou menos de um mês no cargo.
Monarez teve conflitos com o secretário de Saúde, Robert F. Kennedy Jr., conhecido por suas dúvidas quanto às vacinas, devido a mudanças na política de vacinação.
Essa demissão levou à saída de outros cinco funcionários de alto escalão do CDC, incluindo Demetre Daskalakis, diretor do Centro Nacional de Imunização e Doenças Respiratórias do CDC.
Daskalakis afirmou no programa dominical ‘This Week’, da ABC News, que a distinção clara entre ciência e ideologia foi completamente destruída e que as mudanças na agência terão graves impactos na saúde pública.
Ele destacou que, desde o início do governo Trump em janeiro, o governo vem adotando uma postura ideológica, com um comitê consultivo sobre imunização formado por pessoas céticas em relação às vacinas, o que ele considera um caminho perigoso que pode levar ao fracasso das campanhas de vacinação.
Debra Houry, ex-diretora médica do CDC, que também renunciou por discordar das decisões do governo, declarou à CNN que não conhece nenhum cientista da agência que tenha tido contato com Kennedy desde sua posse.
Ela expressou dúvidas sobre a confiança possível no CDC daqui para frente e alertou que o Comitê Consultivo sobre Práticas de Imunização (ACIP), cuja reunião está marcada para setembro, será composto por pessoas sem experiência científica relevante na área de vacinas e que são conhecidas por serem contrárias às vacinas.
Kennedy substituiu todos os membros do grupo influente por seus próprios indicados, gerando preocupação até mesmo entre membros do Congresso dos Estados Unidos, inclusive republicanos.
O senador Bill Cassidy, líder da Comissão de Saúde do Senado, solicitou o adiamento indefinido da reunião do ACIP prevista para 18 de setembro, citando a falta de acompanhamento científico adequado.
Tom Frieden, ex-diretor do CDC, criticou o estado de desorganização da agência, destacando que o CDC é uma instituição vital para a melhoria da saúde pública nos Estados Unidos há mais de oitenta anos.
Segundo ele, a saúde pública está sendo comprometida e as proteções sanitárias estão sendo enfraquecidas, o que coloca a população em maior risco.

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