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Sébastien Lecornu, aliado próximo de Macron na França

Sébastien Lecornu, nomeado nesta terça-feira (9) como primeiro-ministro da França, liderou o ministério da Defesa por mais de três anos, período marcado pela invasão russa da Ucrânia, e é visto como um aliado leal e discreto do presidente Emmanuel Macron.
Este político de 39 anos representa uma continuidade rara no governo francês desde a eleição de Macron em 2017, apesar das diversas mudanças decorrentes da atual instabilidade política.
Em dezembro de 2024, já era considerado para assumir o cargo de primeiro-ministro, mas François Bayrou, um antigo colaborador de Macron com 74 anos, convenceu o presidente de que ele seria a escolha ideal. Naquela ocasião, o Parlamento não aprovou a nomeação.
Segundo um diplomata que falou anonimamente à AFP, o novo premiê é um aliado dedicado de Macron, que não pretende ofuscar o presidente. Seu desempenho à frente da Defesa foi considerado excelente.
Um assessor ministerial comentou que Lecornu é um bom executor, embora não muito carismático. Em 2022, ele apoiou fortemente a campanha que garantiu a reeleição de Macron.
Descendente de um membro da Resistência e originário da Normandia, Lecornu chegou a planejar estudar na escola militar de Saint Cyr, mas ingressou cedo na política pelo partido tradicional de direita ligado a Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy.
Seu início de carreira foi marcado por avanços precoces: assessor parlamentar aos 19 anos, assessor ministerial mais jovem em 2008, e presidente departamental mais jovem em 2015. Sua ascensão culminou ao se aliar a Macron em 2017.
Rearmamento e liderança
Ingressou no governo em junho de 2017, aos 31 anos, e desde então passou por diversas pastas, incluindo Transição Ecológica, Territórios, Ultramar e Defesa, sob a direção de até seis primeiros-ministros diferentes.
Ex-prefeito de Vernon, destacou-se ao organizar o Grande Debate, uma série de encontros promovidos por Macron para acalmar os protestos dos coletes amarelos.
Apesar de manter um perfil discreto na mídia, como reservista da Gendarmeria e entusiasta de História, Lecornu teve papel relevante durante a guerra da Rússia na Ucrânia, conduzindo a política de rearmamento ordenada pelo presidente.
Seu trabalho incluiu a alocação crescente do orçamento, mesmo em meio a cortes em outros ministérios, além de analisar as garantias de segurança europeias para a Ucrânia.
Também foi ativo na ampliação da cooperação militar europeia, especialmente com a Alemanha, e nas negociações para a libertação de reféns franceses sequestrados pelo Hamas em outubro de 2023.
Perfil político
Sua experiência no enfrentamento dos coletes amarelos pode ser vantajosa diante dos novos protestos e da preocupação com a elevada dívida pública da França, que chega a cerca de 114% do PIB.
Tem boa reputação na Assembleia Nacional, onde obteve amplo apoio para a Lei de Programação Militar 2024-2030, mesmo em um cenário político fragmentado e sem maiorias estáveis.
É reconhecido como um político astuto e habilidoso nas negociações.
Contudo, permanece o desafio de conseguir o apoio das oposições de esquerda e extrema-direita para evitar sua destituição.
Um político socialista ressalta que Lecornu aprende rapidamente e tem uma posição política mais à direita do que Bayrou.
Embora o contato com a extrema-direita seja delicado há anos, a imprensa noticiou que Lecornu teve encontros em jantar com a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen.

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