Associações de servidores do Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER-DF) emitiram, nesta quarta-feira (7), uma nota de repúdio à demissão do diretor do órgão, Henrique Luduvice. No texto, os funcionários classificam a decisão como “injustificável”, e dizem que a troca mancha o nome do DER.
A exoneração do gestor foi anunciada à tarde pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), e oficializada em uma edição extra do Diário Oficialdo DF. O motivo exato para a troca no comando não foi informado durante o anúncio.
Na nota, os servidores afirmam que a exoneração responsabiliza diretamente “uma instituição com mais de 50 anos de história, manchando irreversivelmente o corpo técnico da autarquia”. O G1 tentou contato com o DER para comentar o caso, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem.
O documento também afirma que a elaboração de um novo projeto de restauração do viaduto do Eixão Sul sobre a Galeria dos Estados – que desabou parcialmente nesta terça (6) – era de responsabilidade da Novacap. Para o lugar de Luduvice, foi escolhido justamente o até então diretor de Edificações da Novacap, Márcio Augusto Buzar.
“Assim, qualquer responsabilidade deve ser de fato apurada, investigando os possíveis responsáveis pela não execução [da restauração do viaduto].”
Para as associações, ao demitir Luduvice, o governo atribui a responsabilidade pela queda do viaduto ao DER, além de “minimizar a capacidade dos servidores” – que, segundo a carta, não foram acionados durante a restauração de outros túneis na área central de Brasília.
“Parece injustificável a nomeação de um novo gestor oriundo justamente do órgão que está responsável pela coordenação e gerenciamento dos projetos em pauta”, diz a carta, em referência à escolha de Buzar para a direção do DER.
“Por fim, as associações solicitam que sejam de fato apuradas e retirem do Diretor-Geral do DER-DF, e de seu corpo técnico, a imputação de responsabilidade sobre a queda do viaduto sobre a Galeria dos Estados”, dizem, no parágrafo final da nota de repúdio.
Mais dinheiro e vistorias
Durante a coletiva, o governador Rodrigo Rollemberg também anunciou a destinação de R$ 50 milhões da chamada “reserva de contingência” para obras em viadutos e pontes. Segundo o Buriti, a prioridade será dada às intervenções na Galeria dos Estados. Depois, o que “sobrar” pode ser usado em outras áreas designadas como críticas.
O governador também determinou que a Novacap vistorie, até sexta-feira (9), todos os viadutos e pontes citados no relatório de 2012 do Tribunal de Contas. Naquele momento, há quase seis anos, os auditores do tribunal identificaram oito bens públicos com necessidade de reparo e manutenção urgente (veja o documento aqui).
Série de declarações
Nos momentos seguintes ao desabamento do viaduto da Galeria dos Estados, Luduvice declarou que outros pontos do Eixo Rodoviário – o Eixão – corriam risco e cobrou, publicamente, mais orçamento para a manutenção dessas estruturas.
“A engenharia tem respostas. Na medida em que tenhamos recursos, capacidade de investimento, nós temos condições de recuperar, criar condições de tráfego”, disse.
Sem fazer menção direta, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) respondeu às declarações. Em coletiva no Palácio do Buriti, horas depois, ele afirmou que cerca de R$ 67,7 milhões foram investidos nesse tipo de obra, nos últimos três anos.
“Infelizmente tivemos o desabamento nesse viaduto que ainda não tinha sido recuperado”, disse Rollemberg. O governador também autorizou o remanejamento de recursos do Orçamento de 2018 para reforçar a rubrica de manutenção urbana.
Em menos de 24 horas após a queda do viaduto, Luduvice anunciou diversas medidas para conter o dano e, ao mesmo tempo, responder à insegurança de outros trechos apontados como “críticos”. Ele admitiu a possibilidade de demolir a Ponte do Bragueto, que liga a ponta da Asa Norte ao Lago Norte.
“Logo que concluamos as pontes leste e oeste do Bragueto, nós restauraremos ou até demoliremos a ponte central”, afirmou, tornando-se o primeiro representante do governo a admitir publicamente essa possibilidade.
Luduvice também foi o responsável por convidar o engenheiro calculista original da obra do viaduto, Bruno Contarini, para participar dos trabalhos de recuperação no Eixão Sul. Nesta terça, o ex-diretor do DER disse que o engenheiro ajudaria “a orientar os próximos passos para recuperar a área”.
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