Setor privado evita COP-30 em Belém e foca em eventos em São Paulo

Apesar do convite do embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP-30, para que o setor privado participe da conferência da ONU sobre mudanças climáticas em Belém, os principais líderes desse segmento, os CEOs das grandes empresas, provavelmente não irão ao Pará. Os executivos, que preferiram manter anonimato, citam o receio de serem alvos de ativistas ambientais e dificuldades logísticas, especialmente pela escassez de acomodações, como fatores que dificultam a ida ao evento.

Alguns optam por fazer viagens rápidas de São Paulo a Belém, permitindo que suas equipes de sustentabilidade permaneçam mais tempo na COP. Outros preferem participar apenas de eventos sobre sustentabilidade em São Paulo na semana anterior à COP-30, além de reuniões privadas.

Em uma carta recente, Corrêa do Lago convidou o setor privado — incluindo CEOs, investidores e empreendedores — a participar, conhecer soluções e colaborar diretamente em Belém. Ele destacou que, mesmo com desafios logísticos, este é o momento em que o setor privado pode liderar pelo exemplo, mostrando que liderança climática envolve engajamento real. Para o presidente da COP-30, é essencial uma colaboração entre o setor público e privado para agir contra a crise climática na escala necessária.

No entanto, executivos apontam que, por normas internas, não podem se hospedar em imóveis de proprietários particulares. Além disso, os altos preços dos hotéis reduziram as equipes das empresas. Com as dificuldades logísticas divulgadas, muitos CEOs preferiram recuar.

Agenda Paralela

Enquanto Belém verá menos presença do setor privado, São Paulo terá intensa movimentação empresarial nos dias que antecedem a conferência da ONU. Por exemplo, o Climate Action Innovation Zone ocorrerá entre 6 e 9 de novembro para apresentar soluções corporativas para o clima. O diretor-geral do International Finance Corporation (IFC), Makhtar Dipo, será um dos palestrantes.

Marina Cançado, fundadora da Converge Capital e uma das organizadoras do Climate Implementation Zone (parte do evento maior), explica que a realização em São Paulo evidencia o comprometimento do setor privado que não estará em Belém.

Antes da conferência em Belém, nos dias 10 a 21 de novembro, encontros importantes como o Finance Forum, organizado pela Bloomberg Philanthropies, de 3 a 5 de novembro, e o PRI in Person, de 4 a 6 de novembro, ocorrerão em São Paulo.

A Sustainable Business COP (SB COP), iniciativa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) para dar voz ao setor privado nas decisões climáticas, participará do Finance Forum com programação focada em soluções empresariais para o clima.

A SB COP reúne entidades equivalentes à CNI em 43 países, representando 35 milhões de empresas. Nas últimas edições da COP, em 2024 (Azerbaijão), 2023 (Emirados Árabes Unidos) e 2022 (Egito), a presença dos grandes CEOs foi limitada. Apenas em 2021, na Escócia, houve participação significativa.

Fontes próximas à organização da COP indicam que serão poucos os presidentes de grandes empresas presentes. A estratégia é destacar essas presenças, valorizando a agenda climática como prioridade quando o CEO estiver presente. Também se planeja que esses líderes atuem como representantes informais de seus setores, compartilhando suas visões com outros executivos.