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Sheinbaum faz história na Independência do México

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Claudia Sheinbaum será a primeira mulher a conduzir a celebração da Independência do México da varanda presidencial, uma tradição que durante mais de cem anos foi dominada por homens neste país marcado pelo machismo.

Ela, que em 2024 se tornou a primeira presidente mulher do México, realizará à noite o chamado “Grito de Dolores”, revivendo o chamado à revolta feito pelo padre Miguel Hidalgo em 1810.

“Nunca antes uma mulher liderou o Grito, é algo inovador”, afirmou a presidente de esquerda com um sorriso na última quinta-feira, quando questionada sobre o evento.

Desde que assumiu a presidência em 1º de outubro de 2024, Sheinbaum se apresenta como “presidenta com ‘a'” e “comandanta” das Forças Armadas, usando trajes bordados com motivos indígenas, e sendo chamada assim pelos oficiais militares.

A cena de uma mulher agitando a bandeira nacional e tocando o sino antigo na principal praça pública do país, o Zócalo, não é apenas histórica, mas também carregada de significado.

Segundo o historiador mexicano Lorenzo Meyer, “Isso abre espaço para as mulheres em uma tradição que estava tacitamente proibida para elas”.

Além disso, reforça que a sociedade mexicana finalmente aceitou que em cargos altos do poder, “o gênero não é relevante”.

Talento e Preparação

Sheinbaum, cuja popularidade ultrapassa 70%, ensaiou alguns momentos do Grito, que considera um ato emotivo e essencial.

“Já toquei o sino”, comentou sobre o instrumento usado por Hidalgo, que fica na varanda presidencial.

Durante o discurso, os governantes expressam vivas e rejeições que refletem seu ânimo.

Seu espírito ficou evidente na relação que mantém com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, com quem mantém uma comunicação fluida apesar de discordâncias.

Ela receberá a bandeira das mãos de uma escolta militar para, então, motivar a multidão que, mesmo sob chuva, responde com “Viva México!”.

No Dia da Independência, 16 de setembro, conduzirá um desfile militar no centro da cidade.

Origem do Evento

Sheinbaum segue os passos de Hidalgo, que é considerado o pai da pátria e cujo chamado foi o início da independência da então Nova Espanha em 1821.

Na época, grupos secretos formados por militares, advogados, comerciantes e religiosos planejavam uma revolução contra a Coroa.

Quando foram descobertos, Hidalgo pegou um estandarte da Virgem de Guadalupe e, do atrio da igreja em Dolores, Guanajuato, tocou o sino para convocar a revolta.

Ele exclamou: “Viva nossa Santíssima Mãe de Guadalupe! Viva Fernando VII e morra o mau governo!” diante de uma multidão apoiando o rei espanhol deposto pela invasão napoleônica.

Hidalgo liderou a luta até sua execução em 1811, quando sua cabeça foi exibida na Alhóndiga de Granaditas, em Guanajuato.

No entanto, a origem exata do “Grito” é incerta. O historiador Meyer acredita que a comemoração foi promovida ou consolidada pelo imperador francês Maximiliano de Habsburgo, que governou o México entre 1864 e 1867.

Porfirio Díaz, que governou por 30 anos até a Revolução de 1910, institucionalizou a cerimônia na noite de 15 de setembro de 1896 para coincidir com seu aniversário, transferindo o sino usado por Sheinbaum para a capital.

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