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Sistema de câmeras da PM pode ser facilmente fraudado, diz ex-policial

Bruno Dias, ex-policial militar e especialista em provas digitais, que ajudou a implementar as câmeras corporais na Polícia Militar de São Paulo, afirmou que o sistema que armazena milhões de gravações de ocorrências apresenta várias vulnerabilidades e pode ser facilmente fraudado.
De acordo com investigações internas, a plataforma Evidence permite que policiais alterem datas dos vídeos, mudem a autoria, distribuam os vídeos para usuários anônimos e até apaguem as gravações. Um caso em Santos, relacionado à morte de Joselito dos Santos Vieira, está sendo averiguado. Uma oficial de alta patente, a major Adriana Leandro de Araújo, teria acessado e alterado vídeos ligados a essa ocorrência, apagando-os posteriormente.
Na época de implantação, em 2016, Bruno Dias participou do treinamento dos agentes para utilizar essas câmeras, mas com o tempo percebeu que o sistema foi se tornando vulnerável a manipulações. Ele alerta que certos policiais conseguiram modificar suas permissões para se tornar administradores da plataforma, o que possibilitaria apagar vídeos em massa ou alterar informações essenciais como data, hora e autoria, comprometendo a validade dessas gravações como provas.
Além disso, existem práticas fraudulentas como a demora em colocar as câmeras na base de extração para upload, fazendo com que vídeos sejam deletados automaticamente após três meses. Também há relato de operadores dificultando a gravação, por exemplo, carregando câmeras com excesso de memória ou usando botões que descarregam a bateria rapidamente.
Bruno Dias ressaltou que em muitos casos policiais envolvidos em ocorrências graves declaram não estar usando as câmeras, contando com a possibilidade de manipular o sistema ou trocar os dispositivos para eliminar as imagens.
A Secretaria da Segurança Pública confirmou que instaurou uma sindicância rigorosa para investigar esses fatos, reafirmando seu compromisso com a transparência, legalidade e defesa da vida. Condutas que contrariem os princípios da instituição não serão aceitas e poderão levar à responsabilização dos envolvidos.

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