O governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg, confirmou nesta segunda-feira (2) a promessa de desativar o Lixão da Estrutural – maior depósito de lixo a céu aberto da América Latina – até o fim deste mês. O prazo já tinha sido anunciado em maio, quando o Palácio do Buriti divulgou as nove cooperativas credenciadas para fazer a triagem do lixo.
O anúncio foi feito sob vaias de cerca de 300 catadores de lixo da Estrutural, convocados pelo próprio governo para a cerimônia. Ao microfone, representantes dos trabalhadores disseram que são favoráveis ao fechamento do espaço, mas reivindicaram condições dignas de trabalho e maior assistência do governo.
“Não queremos bolsa, ou cesta. Queremos uma forma digna de sustentar nossas famílias”, afirmou a presidente da cooperativa Ambiente, Ana Cláudia de Lima.
Tempo curto
Segundo o governo, até o dia 31, cinco galpões vão estar alugados e equipados para receber os catadores, e todas as oito cooperativas que atuam no lixão, hoje, serão contratadas para continuar nas ações de triagem dos resíduos, “desde que apresentem a documentação exigida”.
O governo afirma que esses galpões vão abrir 1,2 mil postos de trabalho e que esse número é suficiente para atender os catadores associados nas cooperativas. Segundo a presidente da cooperativa Coorace, Lúcia Fernandes, isso corresponde apenas à metade dos trabalhadores.
“Atuantes no lixão, dia e noite, são cerca de 2,5 mil catadores, que sobrevivem desses resíduos. O govervo quer liberar galpões e bolsas para cerca de 1 mil catadores. Para o restante só vai ter o desemprego”.
A presidente do SLU Heliana Kátia Campos informou que dois dos cinco galpões já estão prontos e disponíveis para as cooperativas, no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA). Os catadores criticam a estrutura, e dizem que os espaços não estão equipados de uma forma que permita o trabalho.
Em nota, o SLU confirmou ao que houve “um atraso” na entrega dos equipamentos. Para os próximos dez dias, o órgão aguarda a chegada da máquina de prensagem dos resíduos, da balança eletrônica e da empilhadeira. Já a esteira de triagem, que também facilita o trabalho dos catadores, só deve ser entregue em 45 dias – depois do prazo previsto pelo GDF para inativar o lixão.
Ver ‘com bons olhos’
Durante a cerimônia com os catadores, o governador Rodrigo Rollemberg afirmou que as críticas refletem “uma mudança de cultura” e que, com o tempo, a decisão será vista “com outros olhos”.
“Todo governo que fecha um lixão recebe críticas, mas é inadimissível ainda ter um lixão a céu aberto na capital do país. Vamos fechá-lo, e nosso objetivo é incorporar os catadores de forma digna nessa mudança”.
O Governo já prevê também a construção de três Centros de Triagens Definivas. O primeiro já está em fase de construção na Usina do Psul, em Ceilândia. O segundo está com ordem de serviço emitida e vai ser construído na SCIA/Estrutural.
Segundo o governo, o terceiro é o que está mais atrasado porque ainda depende da liberação de verbas da Terracap para ser construído na Usina do SLU que fica da L4 sul. Segundo a SLU, a ideia é que essas estruturas comecem a funcionar em abril de 2018 – daqui a sete meses.
Ao fim da coletiva, o governo decidiu se reunir com os líderes das cooperativas que representam os catadores na próxima semana, para tratar de novas soluções para os trabalhadores.
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