Pela primeira vez, uma pesquisa realizada por cientistas do Imperial College de Londres apontou que o uso de stent não melhora a qualidade de vida das pessoas com angina estável. O problema é caracterizado por uma dor no peitotemporária ou uma sensação de pressão que ocorre quando o músculo cardíaco não está recebendo oxigênio suficiente.
O levantamento foi publicado nesta quinta-feira na revista científica The Lancet e acompanhou 230 pacientes. Todos tinham o caso estável da doença e obstrução em apenas uma artéria.
Para o experimento, parte dos voluntários foi submetida a uma angioplastia com a inserção do stent. O outro grupo também realizou um procedimento semelhante, mas não sabia que era uma simulação.
O objetivo dos cientistas era entender se havia algum efeito placebo. O stent é uma pequena estrutura introduzida via cateterismo. Sua função é ajudar a liberar o fluxo nas artérias obstruídas por placas de gorduras.
Tanto antes como seis semanas após o procedimento, os pacientes tiveram testes de exercícios para avaliar quão rápido eles podiam caminhar em uma esteira enquanto suas funções cardíacas e pulmonares eram analisadas.
Os pesquisadores descobriram que o aumento médio no tempo total de exercício foi de 28,4 segundos para os pacientes submetidos ao procedimento e 11,8 segundos, no caso do grupo placebo. No entanto, cientistas explicaram que a diferença entre eles não foi estatisticamente significativa. Além disso, o tratamento não trouxe benefícios significativos na redução dos sintomas ou na qualidade de vida dos pacientes.
Cautela
De acordo com o cardiologista Raul dos Santos, professor de cardiologia da Faculdade de Medicina da USP, a pesquisa precisa ser analisada com cautela. “O tratamento com stent revolucionou a cardiologia porque tirou a necessidade da cirurgia em alguns casos. Quando bem indicado, faz muita diferença. É capaz de reduzir a isquemia e o risco de infarto”. Geralmente, o stent é indicado para pacientes que sofreram infarto ou que têm angina instável.
Santos explica que o estudo atual foi realizado com uma população de baixo risco, altamente medicada. “O estudo reforça que o tratamento clínico, quando bem feito, é capaz de dar uma qualidade de vida para o paciente”.
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