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Superfaturamento no Mané é pauta do Tribunal de Contas do DF nesta terça

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Processo pode voltar à mesa de conselheiro por renúncia de advogado das empreiteiras Andrade Gutierrez e Via Engenharia. Tribunal aponta R$ 696 milhões em irregularidades.

Superfaturamentos na construção do Estádio Mané Garrincha devem começar a ser julgados pelo Tribunal de Contas do Distrito Federal na tarde desta terça-feira (13). O processo está sob a responsabilidade do conselheiro Manoel de Andrade e aponta R$ 696 milhões de gastos irregulares (veja lista de infrações ao final da reportagem).

A expectativa é de que o julgamento seja adiado pela renúncia do advogado do consórcio formado pela Andrade Gutierrez e a Via Engenharia. A desistência, que ainda deve formalmente ser anunciada, foi motivada pelo acordo de delação premiada firmado com o Ministério Público por ex-executivos da Andrade, que denunciaram a Via. Agora, as empreiteiras terão defesas individualizadas.

A delação deu origem à operação da Polícia Federal batizada de Panatenaico, que desvendeu obras superfaturadas em cerca de R$ 900 milhões. Segundo a PF, os empreendimentos estavam orçados em R$ 600 milhões, mas custaram R$ 1,575 bilhão.

A delegada responsável pelo caso, Fernanda Costa de Oliveira, afirmou  que as investigações devem ser concluídas em agosto. Segundo ela, documentos apreendidos pela polícia corroboram com os relatos dos ex-executivos da Andrade – entre eles uma minuta que a empreiteira pretendia apresentar ao Tribunal de Contas do DF, encontrada em um pendrive no carro da ex-diretora de Obras Especiais da Novacap e ex-presidente da Terracap, Maruska Lima Holanda.

Vista interna do estádio Mané Garrincha, em Brasília (Foto: Tony Winston/GDF)

Vista interna do estádio Mané Garrincha, em Brasília 

A Terracap, responsável pelo terreno onde o estádio foi construído, verificou que os investimentos nas obras foram feitos sem comprovação de viabilidade econômica. A empresa declarou ter tido prejuízo de R$ 1,3 bilhão em 2016.

De acordo com o atual conselho de administração da Terracap, não havia um modelo de exploração da arena previsto em contrato que pudesse render dinheiro à empresa, que bancou a construção do estádio de 2012 a 2014.

No período, o GDF desembolsou R$ 1,5 bilhão para financiar a obra. O dinheiro saía da Terracap e ia direto para a Novacap, que pagava o consórcio responsável pelo empreendimento – o mais caro de todos os estádios feitos para a Copa do Mundo.

O presidente da Terracap, Júlio César Reis, afirmou  que preferia não comentar o julgamento do Tribunal de Contas do DF porque o caso “ainda é obscuro”. Segundo ele, a empresa vem tomado medidas de contenção de gastos para superar o rombo nas contas, como demissão voluntária de funcionários e corte de gratificações.

Irregularidades apontadas pelo Tribunal de Contas

  • Demora no cumprimento de determinações do TCDF
  • Medição de quantitativos de serviços a maior
  • Pagamento de insumos em duplicidade
  • Execução de serviços sem aplicação de insumos ou em quantidades inferiores às previstas
  • Serviços incluídos no contrato com preços acima dos de mercado

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