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Taiwan quer aumentar gastos com defesa por ameaça chinesa
O presidente de Taiwan, Lai Ching-te, anunciou nesta quarta-feira (26) que seu objetivo é alcançar um “alto nível de preparação” militar até 2027, diante das ameaças de uma invasão chinesa, e propôs um aumento bilionário dos gastos com Defesa.
Pequim considera a ilha, que tem um regime democrático, parte do seu território e não descarta o uso da força para recuperá-la, enquanto aplica uma forte pressão militar, econômica e diplomática sobre o arquipélago.
Em uma ligação telefônica na segunda-feira, o presidente chinês, Xi Jinping, reafirmou ao seu homólogo americano, Donald Trump, que a integração de Taiwan sob o domínio da China comunista é um desafio internacional de grande importância, segundo a imprensa estatal.
Nesse contexto, Lai anunciou em um editorial no jornal Washington Post que seu governo deve propor 40 bilhões de dólares (215 bilhões de reais) em gastos adicionais com Defesa nos próximos oito anos.
“Nosso objetivo é fortalecer a dissuasão introduzindo maiores custos e incertezas nas decisões de Pequim sobre o uso da força”, escreveu o presidente.
Lai, que lidera o Partido Democrático Progressista (PDP), já havia apresentado planos para elevar os gastos anuais em segurança para mais de 3% do PIB no próximo ano e para 5% até 2030, em resposta ao apoio dos Estados Unidos, seu maior aliado e principal fornecedor de armas.
O enviado dos Estados Unidos para Taiwan, Raymond Greene, manifestou satisfação com o plano militar do governo da ilha e pediu que os partidos políticos encontrem um consenso para fortalecer a defesa do território.
Já o Ministério das Relações Exteriores da China advertiu que as “tentativas de Taiwan de resistir à unificação e buscar independência por meios militares jamais terão êxito”.
Esses anúncios ocorrem em meio a uma grande tensão entre Tóquio e Pequim sobre Taiwan.
A primeira-ministra japonesa, Sanae Takaichi, afirmou recentemente que uma possível operação militar contra a ilha poderia justificar a intervenção militar do Japão, o que a China interpretou como uma provocação.
Armas e capacidades
O novo plano de gastos adicionais, divulgado por Lai no Washington Post, será implementado ao longo de vários anos e ultrapassa um projeto anterior de 32 bilhões de dólares revelado a um legislador do PDP.
“Este pacote histórico não apenas financiará compras importantes de novas armas dos Estados Unidos, como também aprimorará muito as capacidades assimétricas de Taiwan”, afirmou Lai no artigo.
O anúncio aconteceu pouco depois da confirmação da primeira venda de material militar dos Estados Unidos para Taiwan desde que Donald Trump voltou à Casa Branca em janeiro. O contrato, aprovado em meados de novembro por Washington, é de 330 milhões de dólares (1,7 bilhão de reais).
Segundo Lai, o orçamento também permitirá acelerar o desenvolvimento do “T-Dome”, um sistema de defesa antiaérea.
“Minha mensagem é clara: o compromisso de Taiwan com a paz e a estabilidade é firme”, declarou o presidente.
No entanto, o governo pode enfrentar desafios para aprovar esses gastos no Parlamento.
A Câmara é controlada pelo principal partido de oposição, o Kuomintang, que defende a aproximação com a China.
A nova presidente do Kuomintang, Cheng Li-wun, já expressou resistência aos planos de aumento dos gastos em Defesa propostos por Lai, afirmando que Taiwan “não dispõe de tantos recursos financeiros”.

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