Tarcísio cresce nacionalmente com apoio de Bolsonaro para 2026

O ex-presidente Jair Bolsonaro autorizou o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a assumir um papel de destaque em temas nacionais, especialmente na articulação para aprovar a anistia a condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023.

Essa estratégia, mesmo que informal, indica a tentativa de fortalecer Tarcísio como um nome importante na política para 2026.

O governador é visto por partidos de direita como a principal alternativa a Bolsonaro na corrida presidencial do próximo ano.

O apoio veio durante a visita de Tarcísio ao ex-presidente, que está em prisão domiciliar, no dia 7 do mês passado.

A movimentação tem sido bem recebida por aliados no Congresso Nacional, que desejam que Tarcísio seja o sucessor do legado político de Bolsonaro. Procurado, o governador não comentou.

Porém, a família do ex-presidente ainda tem algumas dúvidas. O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) confirmou a sintonia entre os dois, mas evitou antecipar qualquer decisão sobre candidaturas presidenciais:

— Eu e Tarcísio estamos sempre em contato, nosso foco agora é aprovar a anistia — disse — Todos os passos dele são para ajudar o país a voltar à normalidade. Há consenso entre líderes de que a anistia é o primeiro passo, e Tarcísio tem sido fundamental nessa articulação.

Flávio acredita que é crucial esperar uma definição do cenário para 2026.

— A força dele em São Paulo pode ser decisiva numa eleição nacional. Não adianta pressa, o cenário pode mudar nos próximos meses. Depende, por exemplo, da situação jurídica de Jair Bolsonaro — explicou.

Nos bastidores da anistia

Elogiado por Flávio por liderar o tema da anistia, Tarcísio tem se envolvido ativamente em encontros políticos e negociações com partidos do Centrão. Há duas semanas, participou de jantar organizado pelo União Brasil e PP, onde colocou a anistia em discussão.

Nesta semana, aliados de Bolsonaro dizem que a prioridade é pautar o projeto no Legislativo. Espera-se que Tarcísio se reúna, entre terça e quarta-feira, com o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, para sensibilizá-lo sobre o tema. A pauta sempre foi controversa na oposição e não é bem aceita na Casa.

No Congresso, Tarcísio é visto como alguém capaz de dialogar além da base bolsonarista, facilitando acordos para avançar a pauta.

Em entrevista ao Diário do Grande ABC, publicada na semana passada, o governador afirmou que, se for eleito presidente em 2026, uma das primeiras ações será conceder perdão a Bolsonaro. “É totalmente injusto o andamento dos processos contra ele”, disse, defendendo uma solução política pelo Congresso.

Ele recebeu apoio público de aliados estratégicos. Em 1º de setembro, o senador Ciro Nogueira (PP-PI) afirmou ao Valor Econômico que Bolsonaro precisa escolher um candidato realmente competitivo e apontou Tarcísio como uma alternativa viável contra Lula em 2026.

Entre crítica e conciliação

Tarcísio tem aproveitado eventos nacionais para criticar o governo Lula, abordando temas como corrupção, aumento de impostos e gastos públicos:

— O Brasil não aguenta mais o PT — afirmou no AgroFórum, criticando os gastos excessivos e prejuízos em estatais.

Nos últimos meses, mudou de postura conciliadora para um posicionamento mais firme, que em março chegou a elogiar o sistema eleitoral brasileiro. Apoiando a causa de Bolsonaro, participou da Festa do Peão de Barretos segurando um boneco do ex-presidente, reforçando sua lealdade.

— O tempo trará justiça — afirmou em referência ao julgamento de Bolsonaro.

Esse movimento ocorre enquanto Bolsonaro descarta lançar sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, que deve disputar ao Senado pelo Distrito Federal. A segunda opção seria o deputado federal Eduardo Bolsonaro, porém, por estar nos EUA e sob investigação, é considerado fora da disputa.

Nos bastidores, deputados e senadores aliados ironizam as críticas frequentes do Eduardo Bolsonaro a Tarcísio de Freitas, questionando se ele pretende apoiar Lula nas eleições.